30 junho 2005

Tomá lá 1 euro, mas não o gastes todo no mesmo sítio

Olhando por alto para os orçamentos das igrejas que conheço, acho que pelo menos 90% do orçamento é gasto com o edifício, despesas correntes do edifício, e com os pastores. Isso sem contar com outras que conheço que às vezes nem têm o suficiente para dar aos pastores por se terem endividado com o edifício. Ou seja, na melhor das hipóteses, sobra 10% do orçamento para trabalho social, evangelismo, e outras coisas que realmente fazem a diferença.

Se compararmos com o judaísmo, e falando só dos dízimos, a grande maioria dos dízimos ia para os pobres, as viúvas, e os estrangeiros. Aquilo que ficava para o templo, ou seja, para o edifício e sacerdotes, era de cerca de 1/3 (Um dia destes escrevo acerca do dízimo e como chego a estes valores). Na igreja do primeiro século a questão quase nem se punha. Não tinham edifícios, e muitos dos líderes tinham um trabalho para os sustentar, com excepção dos apóstolos que estavam em Jerusalém. O próprio Paulo de vez em quando trabalhava para ter sustento. No entanto, como diz a Bíblia, tinham tudo em comum, e ajudavam todos os que precisavam.

Não estou aqui a dizer que a igreja não deve ter edifícios ou líderes assalariados. Estou a dizer é que 90% do orçamento ser gasto nisso é muito.

Legalizar a igreja sem nos irem ao bolso

O processo de legalização de uma igreja é simples. Desde que se cumpra os requisitos, é preencher um formulário que custa €2,50, e entregá-lo. Quem necessitar de informações pode aconselhar-se com a AEP, que eles ajudam gratuitamente.

Estou a dizer isto porque parece que há quem se ofereça a ajudar as igrejas a se legalizarem pela módica quantia de €1000. Não vou pôr em causa a integridade da pessoa que o faz, nem vou fazer comentários de quanto essa pessoa deve pôr ao bolso, mas é só para avisar que existe uma alternativa mais barata.

Update: Graças aos comentários da Vilma, fiquei a saber que o preço é cerca de 130€.

Edifícios q.b.

As igrejas estão viciadas em edifícios. O edifício é visto como uma pedra fundamental da igreja, e se não houver edifício parece que não há igreja. As atenções e as finanças estão focalizadas no edifício, muitas vezes. Tudo está centrado no edifício. As actividades todas da igreja são feitas no edifício.

Muitos dos edifícios que foram construídos pelas igrejas estão hoje às moscas. Muitos que conheço que pensavam que o edifício ia resolver todos os problemas, acabaram por ver que o edifício não fez crescer a igreja, a não ser em dívidas. Muitas igrejas que começaram com formas simples, em que a comunidade era forte, passado algum tempo de terem um edifício, gradualmente perderam o conceito de comunidade. Por outro lado, a igreja do tempo dos apóstolos reunia-se em casas, na rua, nos templos pagãos, nos edifícios estatais, onde fosse. O edifício não era algo central.

O problema é quando o edifício deixa de servir a igreja, e passa a ser a igreja a servir o edifício.

29 junho 2005

Ajudar os outros, mas só se valer a pena

Eu acredito que os cristãos devem fazer coisas em prol da comunidade, no sentido lato, sem esperar nada em troca. Vejo o amar os outros e o fazer o bem aos outros como fins em si mesmo. Sempre que temos a oportunidade de servir as pessoas, acredito que estamos a servir a Deus.

Fico triste quando vejo igrejas (institucionais, quais haviam de ser) a pôr de parte a área social, ou a torná-la como serva do ministério de evangelismo. O que interessa, para esses, é o evangelismo, e se não se estão a converter pessoas com esse trabalho social, então não vale a pena continuar com ele. Será que se o Desafio Jovem não convertesse ninguém, mas libertasse o dobro de pessoas das drogas, deixaria de ser algo válido? Será que Deus só ama as pessoas que se irão converter? Creio que não. No entanto vejo que em muitas das nossas igrejas a área social é negligenciada, esquecida, relegada para um papel secundário.

Creio que a obra social deve ser vista como um fim em si mesmo, algo que fazemos por sermos seguidores de Cristo. E se alguém no processo vir a luz e se converter em discípulo de Cristo, tanto melhor.

Política de comentários

A minha política em relação a comentários é bastante liberal. Qualquer pessoa pode comentar. Desde que o comentário não tenha nada de ofensivo, ele não é apagado. Se tiver algo ofensivo mas ao mesmo tempo tiver conteúdo interessante, arrisca-se a ser apagado, e seguindamente coloco um comentário com a parte interessante do comentário, dizendo quem escreveu. Sempre que for interessante, responderei aos comentários assim que poder. Basicamente é isso.

Deus ex machina

Nos dramas gregos antigos, quando uma situação aparentemente insolúvel surgia, era resolvida pela intervenção de um deus, normalmente trazido ao palco por um mecanismo complexo. Daí surgiu a frase "Deus ex machina", que no fundo é quando Deus intervem numa situação aparentemente sem solução.

É um verdade que tenho vivido na minha vida por várias vezes, e que vem reforçar a minha fé. Quando parece que já não é possível, Deus surge e conserta o que está estragado. Ele cura, ele liberta, ele muda. A Ele toda a glória pela sua misericórdia.

A Paula conseguiu

A minha Paula conseguiu aquilo que sonhava há uns anos, começar a trabalhar na área dela, que é Educação Social. Hoje é um dia muito feliz para nós!

Agradeço a todos os que têm orado connosco acerca disto, e agradeço acima de tudo a Deus pela oportunidade que lhe deu. E pela forma como tem estado connosco sempre. Sexta feira já começa a bulir.

28 junho 2005

Franchising de Igrejas

Cada país tem a sua cultura, a sua forma de ser e de estar, as suas particularidades. É pena quando as organizações missonárias e os seus missionários fecham os olhos a isso, e plantam igrejas franchisadas, cópias daquilo que têm nos países de origem. Esse tipo de igreja pode até ser relevante no país de origem, mas não o são quase de certeza no país de destino.

Está na altura de isso acabar, e de começarem a surgir cada vez mais igrejas que estão de acordo com a nossa cultura, sem comprometer as verdades bíblicas. Igrejas que são um espelho da realidade portuguesa, e não da realidade americana, inglesa, ou chinesa. Igrejas que falam à nova geração. Igrejas que conseguem ver e aceitar formas diferentes de louvor e adoração. Formas diferentes de oração. Formas diferentes de comunhão.

Até o McDonalds já vende sopas e Pita Macs, mas nós ainda insistimos nos hinos, e no pastor de fato e gravata, e na rotina de culto (Louvor, Oferta, Pregação), e nas pregações não participativas, e no sei lá mais o quê. Vamos ter a humildade de aceitar que a igreja pode ser bastante diferente, e ainda assim ser igreja.

Regularidade e tamanho de artigos

Uma coisa que me tenho questionado é, com que regularidade devo colocar artigos? Quantos artigos devo colocar por dia? E que tamanho deve ter um artigo?

Com base no meu uso de blogs, acabei por decidir-me por um máximo de 5 artigos por dia, e tento que não sejam longos. Penso que a partir daí já estou a escrever mais do que as pessoas são capazes de ler, tendo em conta que têm outras coisas para ler. Noto que, pessoalmente, se um artigo de alguém for demasiado longo, tendo a ler na diagonal ou passar para o seguinte, enquanto que no número de posts sou mais flexível.

E com vocês? Como é que preferem? Deixem os vossos comentários, pois irão ajudar-me a melhorar o blog.

Louvor e Adoração unplugged

Analisando por alto algumas músicas que são usadas para "louvor e adoração" na igreja, mais ou menos um terço delas estão teologicamente erradas, outro terço não são nem louvor nem adoração, e do terço que sobra, a maioria são individualistas. Como se isso não bastasse, a música substituiu na maior parte dos casos os outros tipos de louvor e adoração.

Acho que perdemos a simplicidade de louvarmos e adorarmos o nosso Deus. Parece que estamos incapacitados a fazê-lo sem música. Quando oramos, pedimos muito, agradecemos pouco, e louvamos e adoramos quase nada. A oração em grupo, na maioria dos casos, é uma lista de assuntos pelos quais se ora, um de cada vez, e depois vamos para casa. Orar tornou-se uma forma de petição apenas, como se um diálogo com alguém fosse completo só com pedidos. Deus deixa de ser alguém com quem temos um relacionamento, e passa a ser alguém a quem pedimos coisas.

O louvor e a adoração a Deus pode ser feito com música, mas também com palavras e acções. Em particular ou em público.

Speed of Sound - Coldplay

How long before I get in?
Before it starts, before I begin?
How long before you decide?
Before I know what it feels like?
Where to, where do I go?
If you never try, then you'll never know.
How long do I have to climb,
Up on this side of this mountain of mine?

Look up, I look up at night,
Planets are moving at the speed of light.
Climb up, up in the trees,
every chance that you get,
is a chance you seize.
How long am I gonna stand,
with my head stuck under the sand?
I’ll start before I can stop,
or before I see things the right way up.

And all that noise and all that sound,
all those spaces I have found.
And birds go flying at the speed of sound,
to show you how it all began.
Birds came flying from the underground,
if you could see it then you'd understand…

Ideas that you'll never find,
all the inventors could never design.
The buildings that you put up,
Japan and China all lit up.
The sign that I couldn't read,
or a light that I couldn't see,
some things you have to believe,
but others are puzzles, puzzling me.

And all that noise, all that sound,
all those spaces I have found.
And birds go flying at the speed of sound,
to show you how it all began.
Birds come flying from the underground,
if you could see it then you'd understand,
Oh when you see it then you'll understand…

All those signs, I knew what they meant.
Some things you can invent.
Some get made, and some get sent,
Ooh…
and Birds go flying at the speed of sound,
to show you how it all began.
Birds came flying from the underground,
if you could see it then you'd understand,
oh, when you see it then you'll understand…

27 junho 2005

Liberdade McDonalds

Seguindo a máxima de "se pensas por ti pensas mal, quem pensa por ti é o comité central", muitas denominações cristãs disciplinam os seus membros por pensarem de forma diferente. Não porque seja contra aquilo que está escrito nas Escrituras, mas porque não está de acordo com a interpretação feita pela denominação. Bom, e se não pensas como a tua denominação, ou mudas, ou mudas-te, porque ai de nós se temos pessoas que pensam de forma diferente.

Chama-se a isto liberdade McDonalds. Tu vais ao McDonalds, e tens a liberdade de escolher um Big Mac, ou um Pita Mac, ou até podes escolher um Big Mac sem pickles. Mas experimenta ir lá pedir feijoada. Tudo bem, estamos a falar de restaurantes, na realidade temos liberdade de ir a qualquer restaurante ou fazer a comida que quisermos.

Na vivência cristã, também deveria ser assim. Tudo bem, existe um limite de liberdade. Da mesma forma que só podemos/devemos comer comida, também só podemos/devemos praticar o que está de acordo com as Escrituras. O problema é quando nos querem dar apenas as comidas preparadas por uns determinados cozinheiros, e impedir-nos de comer outras comidas. Aí, passamos a ter uma semi-liberdade, em que começamos a ser olhados de lado se pensamos de forma diferente. E esta semi-liberdade é uma forma de controlo, exercido por uma organização pelos seus membros, que impede qualquer possibilidade de mudança, de evolução, e que torna tudo burocrático, estagnado, previsível.

Bom, eu acho que comer feijoada de vez em quando também é bom.

Igreja no Café

Se Jesus viesse agora em vez de ter vindo há dois mil anos, e escolhesse Portugal, onde é que ele iria ter com as pessoas? Bom, por um lado, iria às nossas igrejas instituição, e chamaria de hipócritas a muitos dos religiosos, assim como há dois mil anos o fez com os escribas e fariseus nas sinagogas e nos templos. Mas e onde iria ter com o povo? Onde é que está o povo?

Acho que para a nossa cultura portuguesa, a resposta é nos cafés, bares, discotecas. Se bem que seria um bocado complicado Jesus falar numa discoteca, como é para qualquer um, acho que os cafés e os bares seriam os sítios onde Jesus iria procurar as pessoas.

Ultimamente temos pensado em experimentar uma coisa. Irmos para um café, orarmos, estudarmos a Palavra de Deus, estarmos uns com os outros. Fazer um encontro diferente, não fechados nas nossas casas, mas no meio da comunidade que está à nossa volta.

Vinde a mim e esvaziai as vossas carteiras

Está aqui um óptimo exemplo do que não é o cristianismo. Benny Hinn, bem conhecido do meio evangélico, foi fazer uma campanha evangelística à Nigéria. Mas como não houve participantes suficientes, ao 3º dia, em pleno palco, queixou-se dos 4 milhões de dólares de prejuízo que teve, disse que a culpa era das igrejas locais, e que elas iriam pagar todas as despesas.

É isto mesmo, grande exemplo. Eu vou fazer uma campanha evangelística para meter ao bolso. Sim senhor.

26 junho 2005

Voltar atrás e ver erros que pareciam não ser

Durante a nossa vida cometemos erros. Muitos deles logo no momento soubemos que estávamos a errar. Mas noutros casos, pensávamos que estavamos a fazer algo correcto. Se hoje, ao olharmos para trás, conseguimos ver erros onde antes não viamos, significa que estamos a crescer. Significa que nessa área da nossa vida houve uma evolução, porque pensamos de uma forma errada em relação a algo, e agora conseguimos ver a forma correcta.

Se olharmos para o último ano, e não formos capazes de encontrar coisas que pensávamos estar a fazer bem e que não estávamos, o mais certo é termos estagnado, e não estarmos a evoluir.

25 junho 2005

Qual o lugar da nossa vida em Deus?

Através de uma conversa com o Allan ontem à noite no curso Alfa, e hoje pelo MSN, fui levado a este artigo do Ross.

Fomos treinados muitas vezes a pensar qual é o lugar de Deus na nossa vida, que ele deve estar em primeiro lugar, que deve ser a prioridade nas nossas vidas. Mas isso vem de uma permissa errada. Não é o lugar que Deus tem na nossa vida que importa, mas o lugar que a nossa vida tem em Deus. Quando pensamos em prioridades, passamos a pensar em categorias. Esta é a parte de Deus, esta a da família, e assim por diante. Mas não é assim, Deus está presente em todas as áreas da nossa vida, e age através de nós em todos os momentos. Não se trata de lhe dar a prioridade, mas de estarmos nele. Se perceberem inglês, leiam o artigo, pois vale mesmo a pena.

Liberdade Religiosa para mim

Mas para os outros não. Infelizmente esta é a atitude de muitas pessoas, e não pode ser. Todas as pessoas têm direito à sua liberdade religiosa, e de defenderem (verbalmente) a sua religião, espaharem a sua religião, etc. A partir do momento em que dizemos que não a isso, estamos a mostrar duas coisas. Primeiro, não estamos a amar. Segundo, a convicção na nossa fé se calhar não é tão forte assim, se temos medo da influência dos outros.

Digo isto tudo apesar de eu não ver o cristianismo como uma religião, mas como uma vivência.

Discipulos que se amam

"Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros." (João 13:34-35)

É isto mesmo. A igreja é suposto ser isto: Uma comunidade de discípulos (seguidores a sério) de Cristo que se amam entre eles, e que amam aos que estão fora. E é isto que devemos procurar a cada dia.

Institucionalismo gera entropia

Quando uma igreja começa a hierarquizar-se e a institucionalizar-se, isso começa a gerar entropia, a comunidade deixa de ter as engrenagens tão bem oleadas, e surge a burocracia. À medida que se geram mais ministérios, e comités, e hierarquias para combater essa entropia, na realidade a comunidade vai ficando com mais entropia, até ao ponto em que a instituição deixa de servir a comunidade e passa a ser a comunidade a servir a instituição. Nesse ponto perde-se a igreja. a alternativa, é a igreja ser aquilo que sempre foi suposto ser: um organismo. Observem as formigas, ou as abelhas. Têm muita sabedoria a nos dar...

Semper Reforma

Eis um princípio da reforma protestante. Semper Reforma, ou seja , reforma contínua. É disto que a igreja precisa, constantemente. A reforma protestante não foi suficiente para nos livrar de todos os erros criados com séculos de trevas, o protestantismo também precisa ser reformado, todas as igrejas precisam ser reformadas. Afinal de contas, todos somos humanos, e como tal, falhamos. Por isso, é impossível não encontrar coisas que necessitam de reforma.

24 junho 2005

Tempo para relacionamentos

Por vezes o nosso activismo é tanto, que não temos tempo para as pessoas que estão à nossa volta. Do que vale termos os eventos mais espectaculares nas nossas igrejas, se o relacionamento entre nós não se aprofunda? E por favor, não estou só a falar dos jovens, mas de todos. Se os relacionamentos entre as pessoas da igreja não se estão a aprofundar, por todos os sectores (sociais, etários, etc), então permitam-me a ousadia de dizer que não estamos a ser igreja, pelo menos como deve de ser.

Por mais espectaculares que sejam os cultos/reuniões/missas, se não houver relacionamento entre as pessoas, não temos nada. Por melhores que sejam as postas de pescada que ponho neste blog, sem relacionamentos sou apenas mais um que fala fala. Porque o relacionamento chegado é a maior marca que se pode ter do amor, e sem amor, não somos nada. Por vezes perdemo-nos na quantidade de coisas que fazemos na igreja, e perdemos o mais importante.

Eu precisei simplificar a minha vida para conseguir mudar isso. Talvez tu também precises disso.

Simplicidade

Infelizmente, já não se dá valor à simplicidade. Tudo tem de ser complexo e cheio de fogos de artifício. Não basta estarmos juntos para falarmos do que Deus tem feito nas nossas vidas, em vez disso fazemos grandes produções musicais e visuais. Parece que agora as coisas só têm valor se for usada a tecnologia de ponta das formas mais novas possíveis. Não basta ser simples e profundo, tem de ser espectacular, e se adicionarmos uma complexidade teórica que não leva à acção, ainda melhor.

E que tal voltarmos à simplicidade, e aprendermos juntos a praticar as pequenas verdades que vamos aprendendo? Será que isso é tão banal assim? Talvez a simplicidade dos relacionamentos nos toque mais profundamente que o maior espectáculo audiovisual que possamos imaginar.

Ideias soltas

Tenho andado com algumas ideias soltas que espero aprofundar em breve.

Uma, é que culto de oração é um termo redundante redundante. Cultuar a Deus é orar a Deus, ou não? De repente parece que reservamos algo específico para orar, e no resto do tempo não oramos.

Outra coisa é acerca do louvor e adoração, que se divide em duas coisas. Primeiro, parece que as músicas usadas nem sempre são de louvor ou adoração a Deus. A outra coisa mais importante é o conceito de grupo de louvor, em que um grupo de pessoas no "palco" desempenha um espectáculo (no bom sentido) para uma plateia. Será que se perdeu o louvor espontâneo? Como esperar que todos participem no louvor se o modelo usado ajuda a que isso não aconteça?

23 junho 2005

Piupius da minha terra

Bem, na minha terra também há aves. Além de ter confirmado mais duas, o Andorinhão Pálido (Apus pallidus) e a Gralha de Nuca Cinzenta (Corvus monedula), ainda deu para rever alguns bem bonitos, os abelharucos. São dos meus favoritos. E ainda por cima, tive a oportunidade num dia de ver um picanço barreteiro juvenil a ser alimentado pelos progenitores, e noutro dia tive a oportunidade de tirar uma grande foto de um outro picanço barreteiro juvenil. Nada mau. A lista passa a 135.

Abelharucos (Merops apiaster)

dois abelharucosabelharuco

Picanço Barreteiro juvenil (Lanius senator)

picanço barreteiro juvenil

De volta do Algarve

Já estou de volta, e em breve vou voltar à minha rotina, se é que eu tenho disso. Bom, não há muito a dizer do tempo que passei no Algarve. Acabei por estar só em Lagos. Resumiu-se em comer, dormir, e ir à praia, com umas breves pausas para observar aves. No entanto foi um óptimo tempo de descanso, sinto-me rejuvenescido.

Deus, na sua imensa sabedoria, criou o descanso. É isso mesmo, foi ideia dele. E posso bem ver neste momento o quão necessário o descanso é. Que pena ocuparmo-nos tanto ao ponto de perdermos a sensibilidade para ver e ouvir Deus nas coisas mais simples. É nos momentos de calma e de silêncio que Deus se revela a nós nas formas mais banais.

22 junho 2005

Maria e o ET

Com todo o respeito que tenho por Maria mãe de Jesus, pelo exemplo de fé que ela deixou; se um extraterreste viesse a Portugal e entrasse numa igreja católica, provavelmente pensaria que o Deus dos católicos é Maria. Isto porque 90% das igrejas são dedicadas a Nossa Senhora de não sei quantas, e em muitas delas a estátua que está em destaque é a de Maria. E muitos dos católicos ofendem-se mais se falarem mal de Maria do que de Jesus. Quando se reza o terço, é dito o Avé Maria 10 vezes mais que o Pai Nosso. E o que se vende mais, crucifixos ou estátuas de Maria? E outros exemplos poderia dizer.

A parte positiva é que também existem alguns católicos que são realmente cristãos, e não marianitas. É bom saber isso. Mesmo que o Papa não seja um deles.

Detox

A quantidade de adições ao cristianismo é tal nos dias de hoje, que se os primeiros cristãos olhassem para o cristianismo actual, iam pensar que se tratava de tudo menos de cristianismo. De repente temos um cristianismo institucionalizado, hierarquizado, cheio de títulos, ganância, jogos de poder, e outras coisas tais. Para ser cristão quase que é preciso fugir da igreja!

Devido a isso, muitas das pessoas que tentam reconstruir o cristianismo na sua vida, de uma forma mais pura, sentem-se obrigadas a primeiro passar por um processo de desintoxicação, durante o qual se libertam dos vícios criados por anos de fazerem parte de um cristianismo adulterado. É um perído de questionar tudo o que se passa na nossa vida, e é bom. Assim que esse processo fica concluído, e se continuarmos com fome e sede de Deus, então sim, começa um processo de reconstrução.

É bom dizer que estou a falar de um ciclo que continuará por toda a nossa vida. Apercebermo-nos do que está mal, limparmo-nos da porcaria, reconstruir, e voltar a fazer estes 3 passos durante toda a nossa vida. Porque sempre haverá algo a melhorar. Afinal de contas, somos humanos e continuaremos a errar. Esperemos é que o erro seja cada vez menor...

Amar e ser amado

"The greatest thing
you'll ever learn
is just to love
and be loved in return"
(Eden Ahbez - Nature Boy)

Se virmos tudo à luz do amor, certamente não cairemos nos exageros que critiquei no artigo anterior. Amar Deus e aprender que se é amado por ele. Amar o próximo, e aprender a aceitar o seu amor por nós. E além disso, amar até aqueles que nos querem mal. Como seria diferente o mundo, se o amor fosse mais do que palavras. Senhor, ajuda-nos a amar cada vez mais.

21 junho 2005

Jogos de Poder

Hoje tive um encontro com dois cristãos fanáticos. O discurso deles, resumido, foi que têm tido muitas experiências religiosas, que estão num nível superior devido a essas experiências, e mostraram um grande apreço por títulos. Isto no meio de algumas barbaridades, por falta de melhor palavra, como dizer que o segredo para um casamento feliz é ler o livro de Cantares de Salomão. Gostava de falar um bocado contra as 3 coisas que mais me aborreceram no meio da conversa.

Eu sou o meu título

Eu sou pastor, ou evangelista, ou bispo, ou apóstolo. E isso é que é importante. Até eu ter um título não sou nada. E se uma pessoa com um título diz algo, então é porque é mesmo assim. Mas que ser mentecapto começou com este tipo de pensamento? Em que se alguém tem o título, eu tenho de aceitar automaticamente o que ele diz? Ou ainda pior, que eu devo procurar vir a ter um título, porque aí serei alguém? Faz-me lembrar aqueles que se dão ares de importante e que querem ser tratados por doutores. Isso não é o comportamento que um cristão deve ter. O alvo do cristão deve ser servir, não ganhar fama/poder. E cada cristão tem a responsabilidade de verificar aquilo que é dito pelos outros pela Bíblia.

As minhas experiências validam a minha fé

Basicamente, a minha fé é medida proporcionalmente em relação à quantidade de visões/sonhos/profecias/coloquem-experiência-sobrenatural-preferida-aqui que eu tenho. Quanto mais eu tiver esse tipo de coisas, mais fé tenho. Portanto, eu não vou simplesmente procurar saber qual a vontade de Deus, eu vou procurá-la mas tem de ser de uma forma sobrenatural. Parece-me a mim que aquele que crê sem ver tem maior fé do que o que crê tendo visto. Ou seja, se Jesus me aparecer à frente, é fácil eu crer que ele existe. É mais difícil crer em Jesus sem nunca ter uma visão. Mas não, essas pessoas julgam que quanto mais fogos de artifício tiver a festa, mais profunda ela é.

Honra e Riquezas

Esta é a melhor. Honra e Riquezas é o que eu vou receber porque eu todos os dias faço e aconteço e vou até à baixa a pé cochinho às arrecuas. Eu sou tão bom, e faço tanta coisa, que Deus vai atulhar-me de honras e riquezas. Mas que pessoa desprovida de toda a réstea mais ínfima de conhecimento pode pensar que esta é a atitude de um cristão, e que é suposto nos andarmos a gabar disso tudo? Segundo a Bíblia, deveriamos antes pensar que somos apenas servos inúteis, que não fazemos mais do que aquilo que o mestre nos diz. Ou pior, nem servos inúteis somos, pois nem o que ele nos diz para fazer, fazemos, pelo menos na sua plenitude.

São este tipo de alimárias que me tiram do sério. Provavelmente estou a usar de algum exagero, mas penso que percebem que é apenas para mostrar o ridículo deste tipo de afirmações. Porque a verdade é que todos somos iguais, seja qual for a nossa função, e que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos, sem nos gabarmos do que fazemos. E quando o que mostramos é o contrário, algo está muito mal.

20 junho 2005

O edifício e o que fazer com ele

Hoje mais uma vez estive a pensar e conversar sobre edifícios, especificamente para que servem no contexto da igreja. Obviamente que os edifícios têm sido historicamente locais de culto, ao ponto de quando falamos de igreja, as pessoas pensarem que estamos a falar do edifício.

Entre outras coisas que estive a pensar, está a necessidade que sentimos de um edifício, e a forma como justificamos a aquisição/aluguer de um novo edifício. Muitas vezes justificamos com aquilo que podemos fazer com ele, aos invés de surgir como resultado de um trabalho já feito. Por motivo de importância do que estou a falar, vou ser mais específico no que quero dizer. Em vez de esperarmos por um edifício qualquer para fazer algo, devemos ir em frente com esse algo, e quando a necessidade realmente surgir, então arranjamos o edifício. Caso contrário, arriscamo-nos a ter um edifício que não está a ser usado para coisa nenhuma, porque entretanto a coisa não resultou, ou não tinham pessoas para fazer a coisa, ou outra razão do género.

18 junho 2005

Processo de reconstrução

Muitos de nós estamos a atravesar um processo de reconstrução. Para que a reconstrução possa acontecer, é necessário primeiro um período de desconstrução, e para muitos de nós é essa a fase que estamos a passar. Prefiro chamar a essa fase a fase de desintoxicação. É o período em que nos limpamos de muitas das tradições sem sentidos e de hipocrisias das quais fizemos parte.

Depois de destruído tudo o que há a destruir (na nossa vida, não podemos impôr algo aos outros), começa um processo de reconstrução. Para facilitar esse processo, é necessário que o pessoal se junte. Precisamos debater estas questões, mas de uma forma a que se chegue a conclusões práticas que podem e serão aplicadas.

Eu proponho que dentro de algum tempo se faça uma conferência, encontro, algo do género, para falar acerca dessas questões. O formato que eu proponho é um formato muito mais participativo do que aquilo que temos visto.

Primeiro, como já defendi antes, deve haver um espaço para que cada um que assim deseje possa ser um dos oradores do evento. O que iriam falar seria proposto antecipadamente à organização do evento. Além disso, deveria haver um espaço para "experimentação", em que poderiam ser experimentadas na prática formas diferentes de oração, música, artes, etc.

O que acham? Gostava de ter muitas e boas sugestões a respeito de como deveria ser feito um evento deste género. Acho que é importante para que não fiquemos apenas pela desconstrução.

17 junho 2005

Bem prega Frei Tomás

Diz o ditado popular: "Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz."

Hoje em dia, o que é realmente importante para um líder da igreja, é que ele fale bem. Pouco importa o seu carácter, o que importa é que ele saiba fazer a festa. O que interessa é que ele seja popular, e mantenha a igreja cheia.

É muito triste que tenhamos chegado a esse ponto. O líder deve ser alguém de carácter, deve ser alguém que vive a mensagem que prega, que a sua vida é um exemplo para todos nós. A partir do momento em que um líder deixa de ser aquilo que defende, perde toda a autoridade.

Eles andem aí

Algo que por vezes sinto, e que outros têm sentido, é que no meio de uma igreja que continua a pensar da mesma forma, existem outras pessoas que estão a pensar na igreja de forma diferente, de uma forma simples.

A mensagem que quero deixar, é que existem outros que estão a pensar em formas mais simples de ser igreja, e que se és uma dessas pessoas, não estás só.

15 junho 2005

Defeitos e Virtudes

Ontem, no meio de um jogo de cartas com o pessoal, que meteu pipocas e Ice Tea à mistura, obrigamo-nos a todos a pensar em algumas virtudes e defeitos nossos. Foi uma experiência libertadora. É bom ter pessoas com quem podemos ser sinceros.

Quanto a mim, parece que a principal virtude é a perseverança, e os defeitos são não me apaixonar pelas coisas, e não verbalizar quando concordo com o que os outros dizem. São algumas das muitas coisas que tenho a melhorar. Daqui a um ano tenho de fazer uma avaliação do progresso que tive nessas áreas...

14 junho 2005

Férias fase dois

Depois de ter ido gozar as férias no Alentejo, fiquei terrivelmente exausto, e agora vou ter de ir descansar para o Algarve. Por isso, amanhã vejo-me obrigado a ir. E ainda por cima terei de passar uma semana inteira a ir à praia, passear, ficar de papo para o ar, e essas coisas extenuantes. Só espero ter tempo para descansar do descanso do descanso. E ainda por cima tenho o dilema: Lagos ou Olhão? É que os meus pais moram em Lagos, e os da Paula em Olhão. Quem diz que ter férias é fácil? Tantas decisões...

Eu sou o líder!

O verdadeiro líder não necessita dizer que é o líder, nem muito menos dizer que como líder, o que ele diz é inspirado por Deus. O verdadeiro líder é reconhecido, não é imposto. Não é alguém nomeado por um comité, mas sim reconhecido pelo povo. O verdadeiro líder é um servo, não um ditador. O verdadeiro líder é seguido com naturalidade pelos que o rodeiam, sem que se torne superior a eles.

A culpa é tua de não me perceberes

Existem diversas formas de transmitir uma mensagem, e a forma que é usada deve ser pensada de acordo com o objectivo, e com as pessoas que vão ouvir a mensagem. Existem várias formas, e elas não são erradas em si mesmas. Mas umas são melhores para determinadas situações do que outras.

Se eu vou falar para 500 pessoas sobre o que é ser igreja, provavelmente iria usar o método da pregação, com espaço para algumas perguntas no fim. Teria consciência que atingiria poucas pessoas, mas a culpa não era delas. A forma não é a melhor. Além disso, se eu estiver errado, dificilmente descobrirei isso.

Se falar para 10 pessoas, prefiro falar com elas do que para elas. Aí vamos debater. Porque eu não sou o detentor de todo o conhecimento, e não estou certo em tudo. E ao criar um debate, estarei a criar espaço para todos nos tornarmos participantes da mensagem, e todos (inclusivé eu) aprendermos mais sobre o que é ser igreja.

O problema da pregação é que é usada para demasiadas coisas. É usado para tudo, quando na realidade esse estilo deve ser usado em poucas situações, muito concretas, em que não é possível um método mais próximo de comunicação. E depois queixamo-nos de que as pessoas não querem ouvir a mensagem. Não, nós temos é que usar o método que contribui para a edificação de todos. Não podemos ser ditadores na forma como comunicamos a mensagem, e esperar que as pessoas a queiram ouvir. Quem quer ouvir um ditador? Apenas aqueles que já estão endoutrinados na mensagem do ditador. Eu não quero ser ditador na forma como transmito a mensagem.

Alentejo Ornitológico

É verdade que o objectivo principal foi turismo cultural, a sério. Mas em termos de aves foi muito fixe :) Fartamo-nos de ver Pegas pelo caminho para lá, e por lá vimos muitos pássaros. Entre esses, mais 7 que nunca tinha visto, que aumentam a minha conta para 133. Foram elas:

Andorinha das Rochas (Ptyonoprogne rupestris)
Melro Azul (Monticola solitarius)
Picanço Barreteiro (Lanius senator)
Picanço Real (Lanius meridionalis)
Milhafre Real (Milvus milvus)
Papa Figos (Oriolus oriolus)
Grifo (Gyps fulvus)

Acho que também vi um Pardal Montês, mas não tenho a certeza absoluta, por isso vai ter de ficar para outra vez. Foi pena não ver a Cegonha Preta, mas para quem não foi de propósito para ver aves, foi um fim de semana em cheio, até vi 3 Grifos, e consegui identificá-los com os binóculos! Também ajudou terem dois metros e meio de envergadura. Aqui ficam umas fotos:

Andorinha das Rochas (Ptyonoprogne rupestris, 3 pequenas no ninho)
Andorinhas Bebés

Picanço Barreteiro (Lanius senator)
Picanço Barreteiro

Picanço Real (Lanius meridionalis)
Picanço Real

Milheirinha (Serinus serinus)
Milheirinha

Pintassilgo (Carduelis carduelis)
Pintassilgo

Vila Viçosa, Castelo de Vide, e Marvão

MarvãoForam dois dias bem passados. Gostei especialmente do palácio de Vila Viçosa, e de Castelo de Vide. Mas Marvão também foi fixe. Em Vila Viçosa nunca tinha estado, e fiquei bem impressionado. Também estivemos em Portalegre, onde ficamos a dormir. Mas aquilo tinha tantas obras, que não deu vontade de ver nada lá. Só em Outubro é que acabam as obras, deve ser a tempo das eleições.

O palácio é muito bonito, e está bastante bem conservado. Vale bem a pena ver. Tanto Castelo de Vide como Marvão têm castelos e povoações muito bonitas, mas Marvão tem um aspecto um bocado fantasma. Muito poucas pessoas.

Em suma, foi um tempo bem divertido.

11 junho 2005

Ideias para o meu aniversário

Dia 31 de Julho faço anos. 29 anos. E como o pessoal gosta de me oferecer presentes, aqui vai uma lista:

Telescópio ZEISS Diascope 85 T* FL (angled viewing, green)
4ª Edição da Bíblia dos Capuchinhos
Livros nesta lista
Livros q.b. (especialmente de Teologia, e outros recentes)

Vou adicionando coisas à lista conforme me for lembrando. E sim, eu sei que o primeiro custa para cima de 1000 euros, mas não custa tentar, custa?

Listas de aves

De vez em quando dou uma olhada nesta lista. Não sei porquê, apesar de não conhecer esta pessoa de lado nenhum, tenho algum interesse em ver a evolução da sua lista de aves vistas. e até comparar com a minha.

Neste momento ele tem 146 espécies vistas, mais 20 do que eu (depois de ter confirmado ontem que vi uma Seixa). É interessante ver as aves que temos em comum e as que não temos. Por exemplo, ele tem muito mais aves de rapina do que eu, mas em termos de patos sou eu que tenho mais. Ele tem alguns raros que eu nunca vi, e vice versa. O que mais me impressiona é ter identificado tantas aves de rapina só com binóculos, é complicado sem um telescópio.

O efeito das férias no blog

Já devem ter reparado que as minhas férias tiveram alguma influência no meu blog. Primeiro, os posts não são tão frequentes, e segundo, há menos posts acerca da igreja.

Não é que eu tenha deixado de pensar, mas quando estamos de férias há tanta coisa para não fazer :)

Por isso, nas próximas duas semanas já sabem o que vos espera.

Portalegre e arredores

Amanhã parto para umas mini-férias. Vamos estar nos arredores de Portalegre. Castelo de Vide, Marvão, Vila Viçosa, Elvas. Claro que a decisão de ir lá não tem nada a haver com ser um dos melhores sítios para ver a Cegonha Preta, o Rolieiro, o Abutre Preto, o Grifo, e o Britango :)

Bom, mas o objectivo principal vai ser mesmo mostrar a zona à Paula, pois ela ainda não conhece a zona, e realmente são sítios que valem a pena visitar. E nos intervalos pode ser que veja alguma coisa :)

Igreja na prática

Falo aqui de igreja, mas nada como descrever como foi a semana, para conseguir explicar o que é igreja para mim.

No Domingo fizemos um piquenique em Montachique, onde houve um momento para cada um passear pelas zona envolvente orando e meditando naquilo que Deus tem feito. Na quarta, fui com o Neo observar aves, e foi um momento em que pudemos partilhar de muitas coisas. Na Quinta alguns de nós estivemos na minha casa para orar e falar do que Deus está a fazer à nossa volta, e como achamos que soube a pouco, decidimos voltar a fazer o mesmo no dia seguinte, na casa do Allan. Além disso, a seguir ficamos todos a ver um filme juntos.

Não sei se vamos fazer algo este sábado ou não, mas no domingo o pessoal irá juntar-se para orar, louvar a Deus, meditar na Bíblia, e almoçar; como costumamos fazer no Domingo. Além destas coisas, muitas outras pessoas durante a semana estiveram uns com os outros, a fortalecer relacionamentos, a se ajudarem no que foi preciso, etc.

Existem vários relacionamentos entre nós, alguns desses relacionamentos envolvem só amizade, mas outros envolvem discipulado. Estamos aí para o que for preciso, e procuramos ajudar-nos uns aos outros sempre que possível. E o centro da nossa comunidade é Jesus, e em tudo o que fazemos, ele é o centro.

09 junho 2005

Reinventar a pregação

A pregação precisa ser reinventada. Normalmente a coisa funciona assim: Alguém expõe um discurso a um grupo de pessoas, elas ouvem (ou não), e depois da pregação são capazes de comentar o que foi falado com uma ou duas pessoas, ou podem no fim ir ter com o pregador e comentar uma coisa ou outra. Não admira que as pessoas retenham muito pouco daquilo que foi falado. É necessário criar mais interacção.

Seria muito mais interessante se qualquer pessoa pudesse interagir com o pregador, colocando questões pertinentes ao assunto, e que se gerasse um debate à volta do que está a ser falado. Debate esse que seria produtivo para todos, inclusivé para o pregador, a não ser que o pregador pretenda protagonismo. É verdade que é difícil que a coisa funcione assim com grupos grandes, mas também ninguém disse que o ensino deveria ser feito em grupos grandes. Se a coisa funcionar assim, então o ensino estará realmente a ir de encontro às necessidades das pessoas. E como todos participam, como todos fazem parte do processo, o resultado final será algo que faz sentido para todos. Por fim, descobrir como praticar aquilo que está a ser discutido, torna-se muito mais fácil, muito mais real.

É caso para pensar porque é que continuamos a insistir num modelo que não traz benefício a ninguém, que só contribui para o individualismo e para que as pessoas se tornem amorfas.

O sabichão

Às vezes acontece eu sair-me com uma frase que realmente gosto. No outro dia estava a falar na capela do IBP, e saiu-me a frase: "Se há uma coisa da qual podemos ter certeza, é de que estamos todos errados". Já coloquei um artigo sobre isso aqui.

A razão porque estou a relembrar isto é algo que tenho estado a pensar. Todos nós temos de ter a humildade de reconhecer que não sabemos todas as coisas, e que podemos estar errados em muitas das certezas que temos. Por isso, eu espero ter sempre a atitude de reagir bem à crítica. Eu espero que várias pessoas possam discordar daquilo que eu digo aqui no blog, de forma a que possa ser gerado um debate que sirva para a edificação de todos. Eu preciso de aprender mais.

Não quero ser como aquele que diz: "Eu sou pastor, e logo, o que eu digo é inspirado por Deus." Há aqueles que não gostam de ser questionados, e que quando o são começam a mandar bocas, ou exaltam-se e levantam a voz, ou dizem "sobre isso falamos mais tarde". Eu não quero ser assim. Por isso, por favor questionem tudo o que eu digo, e se me virem a ter uma atitude incorrecta perante isso, digam-me. Obrigado.

08 junho 2005

Mas isto é um blog sobre igreja ou quê?

Claro que é. Se alguém não achar isso, é porque certamente tem um conceito de igreja bem diferente do meu. Porque ser igreja tem tanto de convívio, como de relacionamento com Deus. Ser cristão é pertencer a uma comunidade de pessoas que se relacionam (uma comunidade de pessoas que se relacionam, eis um conceito inovador!), comunidade essa que, individualmente e em conjunto, procura o mais possível servir a Deus e ter um relacionamento com ele. É nessa igreja que eu acredito.

Da última vez que eu reparei, entrar numa garagem não fez de mim um carro. Provavelmente entrar num edifício-igreja não fará de mim um cristão. Nem faz de mim parte de uma comunidade, como ir ao cinema também não faz.

Quando vou com o Neo apreciar a criação de Deus (aves), isso é ser igreja. Quando vou a um piquenique com o pessoal, disfrutar do que Deus nos dá, isso é ser igreja. Quando marco uma caracolada ou uma jogatana com o pessoal, isso é definitivamente ser igreja. Ir a uma missa/culto semanal pode ser ou não ser igreja.

Um dia em cheio no Estuário do Tejo

Hoje tive mais um óptimo dia de observação de aves. Desta vez fui eu e o Neo, e além de vermos muitas espécies, foi muito bom em termos de fotografias.

Em termos de espécies novas, foram as seguintes:

Alvéola Amarela (Motacilla flava)
Andorinha Dáurica (Hirundo daurica)
Garça Vermelha (Ardea purporea)
Rouxinol (Luscinia megarhynchos)
Trigueirão (Miliaria calandra)
Gaivina dos Pauis (Chlidonias hybridus)
Tecelão (Ploceus melanocephalus)
Perdiz do Mar (Glareola pratincola)

Além disso, tive ainda a surpresa de ver dois piriquitos, o que foi surpreendente, embora já tivesse ouvido relatos de que já existiam em liberdade em alguns pontos do país. Vou passar a contar o piriquito como ave vista em liberdade sem ser fuga de cativeiro, pois pelo comportamento deles nota-se que já estão numa fase reprodutiva. Com o piriquito mais os outros 8, elevei o número de espécies vistas para 125.

Perdizes do mar (Glareola pratincola)
duas_perdizes_do_mar
Flamingos (Phoenicopterus ruber)
flamingos
Perna Longa (Himantopus himantopus)
perna_longa_ninhoperna_longa_voar
Piriquito (Melopsittacus undulatus)
piriquito
Trigueirão (Emberiza calandra)
Trigueirão
Tecelão (Ploceus melanocephalus)
tecelão

06 junho 2005

Os Animais são nossos amigos

Deus criou todas as coisas. Deus podia ter feito as coisas muito mais simples. As coisas não precisavam ser belas, mas mesmo assim Deus as fez belas, creio que por amor a nós. Acho que é um total desrespeito por Deus quando não cuidamos daquilo que Deus criou para nós. Por isso mesmo, o cristão deve ter um papel activo na conservação da natureza, na sua protecção, e na sensibilização para a questão. É bom ver organizações cristãs como A Rocha que se preocupam com esse tipo de coisas, mas deveriam talvez surgir mais.

Mas nós também podemos fazer alguma coisa. Coisas tão simples como não deitar lixo para o chão e reciclar o lixo, qualquer um de nós pode fazer. É o mínimo que devemos fazer.

Espaço de Debate q.b.

É o que estamos a precisar. Às vezes ficamos muito na teoria, mas precisamos de mudar isso. Neste momento ando a pensar em formas de meter muito do que temos pensado na prática. Existem muitas coisas que podemos fazer, e acho que está na altura de começar com algumas.

Para começar, vamos começar com um espaço de debate aqui em Massamá. A coisa é falar de Deus e das Escrituras a sério. Algumas coisas precisam ser discutidas para que possam ser praticadas. Mas também pode ser um espaço de experimentação. Formas alternativas de louvar, adorar, e experimentar Deus. E tudo isso sem esquecer algo que é essencial, a comunhão. Todos são convidados a participar. Quando for o primeiro, eu aviso.

Outros exemplos de coisas que podiam ser feitas no futuro: Eventos vocacionados para as artes (pintura, música, teatro, etc), desporto, natureza (conservação e outros). São coisas que podemos começar a pensar, para mais tarde pôr em prática. O evangelho total para o homem total.

05 junho 2005

Como foi o piquenique

Foi muito fixe! A comida estava boa, a companhia ainda melhor, e divertimo-nos à brava, além de descansarmos bastante. Foi uma boa oportunidade de disfrutarmos de tudo o que Deus nos tem dado. É sempre bom estar com o pessoal.

Aqui estão algumas fotos:

os assadoresa malta
mulheres no seu lugar :)Carlos a trabalhar
Paula e Nuno a dar no duroFabiana

Patentes de Software

Os políticos andam a discutir se deve passar a haver patentes de software aqui na Europa, como existe nos Estados Unidos, onde se pode processar toda a gente e o cão. O Celso tem um excelente artigo sobre isso aqui, que acho que vale a pena ler.

Espero bem que as patentes não sejam aprovadas, senão vai surgir uma chuva de patentes ridículos, que vai fazer com que só as grandes empresas consigam sobreviver. Ao contrário do que as grandes empresas dizem, o patenteamento é mau para a inovação. E nessas coisas, quem se lixa é sempre o mexilhão.

Movimento Emergente

Visto que mencionei o movimento emergente, se calhar faz sentido que ao menos defina o que é. Uma boa definição pode ser encontrada aqui, mas mesmo assim vou tentar explicar por palavras minhas.

Primeiro, não sei se podemos falar exactamente de movimento. Neste momento é mais uma conversação, pois não existe ninguém com um plano de implementar isto, ou uma organização que esteja por detrás disto. O que existe é um grupo cada vez maior de pessoas, que estando ou não descontentes com a igreja actual, pretendem voltar a um cristianismo simples, a uma igreja simples, sem as complexidades que lhes foram adicionadas ao longo da história. Mas por outro lado também recuperando algumas das práticas espirituais que se foram perdendo. A principal razão para isso é mesmo viver o cristianismo de uma forma simples e sincera. Ao mesmo tempo, desejam que a igreja seja relevante para a geração pós-moderna que tem vindo a surgir, pois a igreja deve acompanhar a evolução dos tempos.

A forma como isto é feito na prática, varia de grupo para grupo. A maioria reune-se em casas em vez de terem um edifício de igreja. Muitos usam formas alternativas de oração e adoração a Deus. Normalmente o ensino/estudo é algo muito participativo, onde há debate sobre as questões bíblicas, e onde cada opinião tem valor. Dá-se muito valor ao sentido de comunidade, e pouco valor a hierarquias (embora sejam reconhecidos líderes).

Esta definição não pretende ser perfeita, mas espero que transmita um pouco aquilo que está a acontecer pelo mundo todo, e talvez deixar a mensagem a alguns de que não estão sozinhos.

Férias

Pois é, desde ontem que estou de férias, e vou estar durante 3 semanas. E desta vez vão ser mesmo férias. Vou realmente descansar. Estava bem a precisar. Já não conseguia trabalhar a 100%, o que acaba por ser injusto para a empresa onde trabalho.

Vai ser um tempo, para descansar, estar com a minha Paula, relaxar, estar com os amigos, descansar, ir a Madrid conhecer um pessoal do movimento emergente, vegetar, ir ao Algarve (praia, mergulho, passarada), descansar, dormir, descansar... acho que percebem a ideia.

update: afinal já não vou a Espanha. Talvez vá a Portalegre...

04 junho 2005

De volta à passarada

Depois de este ano ter perdido quase a primavera toda, devido à casa nova, finalmente fui fazer mais uma saída de campo. Esta foi no Estuário do Tejo, organizado pela SPEA, da qual sou sócio.

Foi um bom dia. Identifiquei 6 novas espécies (novas para mim, claro), sendo que três delas foi de certeza a primeira vez que vi. Com isso, a minha conta passou para 116 aves vistas em liberdade. Não estou a contar aquelas que eram claramente fugas de cativeiro ou que estão mesmo em cativeiro. As que penso que já tinha visto, mas que por não ter certeza não tinha apontado, são:

Andorinhão Preto (apus apus)
Chilreta (sterna albifrons)
Milhafre Preto (milvus migrans)

As que vi de certeza pela primeira vez:

Gaivotão Real (larus marinus)
Goraz (nycticorax nycticorax) - Bastante raro. O que vi era juvenil.
Fuselo (limosa lapponica)

Para além disso vi bastantes outras, entre elas dezenas de flamingos, algumas garças, pilritos, borrelhos, etc. Mas não vi muita variedade. Infelizmente não consegui tirar uma boa foto, estavam todos muito longe. Isto com grupos grandes é difícil fazer a aproximação.

Quem me dera ter um telescópio!

03 junho 2005

Tornar-vos-ei seres amorfos

Segundo George Barna, "cada vez mais pessoas estão a sair da igreja-instituição porque querem mais de Deus, não menos, e sentem que a igreja-instituição local os impede de serem aquilo que Deus requer deles." Bom, isto é mesmo muito triste. A igreja deve ser um espaço que capacita as pessoas a serem aquilo que Deus requer delas, não o contrário. Em vez disso vemos as pessoas a serem colocadas cada vez mais num estado passivo.

E é verdade. É verdade na minha vida, e na de várias outras pessoas que conheço. Tiveram de sair da igreja-instituição por essa mesma razão.

O Estado da Igreja

Está um artigo espectacular aqui sobre o estado actual da igreja americana, mas que tem muito em comum com a nossa realidade. Aponta várias coisas importantes que precisam mesmo de ser mudadas. É um artigo longo, mas vale a pena.

02 junho 2005

O Santo Edifício

Igreja, segundo a Bíblia, significa assembleia. No contexto cristão toma ainda o significado de comunidade dos seguidores de Cristo. Não sei o que se passou entretanto, mas quando se pergunta a alguém o que é uma igreja, as pessoas apontam para um edifício, e dizem: "Este edifício é a igreja". Isso criou uma mentalidade em que não é possível ser igreja se não se tiver um edifício. E obviamente, esse edifício tem de ter a estrutura "normal" de uma igreja. Palco, púlpito, bancos, etc.

E então usa-se expressões como: "Onde é a tua igreja?", ou "A que igreja vais?", como se a igreja fosse um lugar, quando na realidade é um grupo de pessoas, que deve conseguir existir independentemente do espaço em que se reunem. O que une as pessoas não pode ser o edifício, têm de ter laços mais fortes do que esses.

A minha igreja (leia-se grupo, comunidade) reune-se em casas. Sim, casas normais. E às vezes é para ver filmes e jogar às cartas. E não é menos igreja por isso. Ou é? Ou só podemos ser igreja se nos juntarmos num edifício "santo"?

Religião vs Cristianismo

Um excelente artigo do Allan sobre isso pode ser visto aqui.

Definição: Igreja-Cinema

É aquela onde todas as pessoas vão assistir ao "espectáculo" proporcionado por umas quantas pessoas, mas ninguém se conhece.

01 junho 2005

O gmail é para todos

Ou pelo menos para as primeiras 49 pessoas que me pedirem um convite. O meu email é fácil de encontrar indo ao profile.

Para quem não sabe o que é o gmail (sim, ainda há duas pessoas assim), é um email grátis com 2Gb de capacidade, com um óptimo interface web, e que também tem acesso por pop (ou seja, dá para fazer download dos emails para o computador).

Acartar é ser igreja

Hoje fui acartar mais uma data de coisas da casa velha para a nova (mudei de casa há pouco mais de um mês), e o Carlos imediatamente prontificou-se a me ajudar sem sequer eu lhe pedir. Já tinha tido a mesma reacção de vários amigos quando precisei pintar a casa e quando fiz as mudanças principais. É bom ter amigos.

Liderança horizontal

"Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos." (Mateus 20:25-28)

O conceito de liderança no reino de Deus é bastante diferente do conceito empresarial. Nas empresas existe uma hierarquia, com a consequente luta pelo poder. Aqueles que estão por cima exercem o poder sobre os debaixo.

No reino de Deus, o líder deixa de ser alguém que exerce poder sobre os outros, para passar a ser alguém que serve os outros. Que capacita os outros. Que está ao mesmo nível hierárquico que os outros. Todos somos irmãos. Os líderes desempenham apenas uma função diferente dos demais, e merecem o nosso respeito como todos merecem.

Dia da criança

"Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas os discípulos, vendo isso, os repreendiam. Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará nele." (Lucas 18:15-17)