30 setembro 2005

Gostamos da vida como ela é

No meio do novo branding da TMN, surge esta frase: Gostamos da vida como ela é. Eu acho esta frase brilhante. Realmente é altura de gostarmos da vida como ela é. Com os defeitos que tem, com os problemas que tem, a vida é assim. E se não gostarmos da vida como ela é, seremos sempre pessoas frustradas por as coisas não serem melhores. Sem dúvida que é preciso procurar melhorar as coisas, mas há coisas que são como são porque é suposto serem assim. E se nós aceitarmos as coisas como elas são, estaremos numa posição de melhorar as coisas com a atitude correcta, em vez de nos culparmos pelo passado.

Eu gosto da vida como ela é.

29 setembro 2005

O tempo da oração

Achei interessante ler neste artigo que a oração que Jesus ensinou aos discípulos não é longa. É até bastante curta. Por outro lado sabemos que Jesus e a igreja passavam longas horas em oração.

Até que ponto o tempo que passamos em oração "conta"? Não terá mais valor a atitude que temos perante Deus? O que será que tem mais valor? Passarmos muito tempo em adoração a Deus, ou aquilo que nós fazemos (e a forma como fazemos) no dia a dia ser um louvor a Deus?

Acho que tudo isso é importante, e há tempo para tudo. Para orações curtas e compridas, para dias em que adoramos com palavras, e para dias que adoramos com actos. De tudo isso Deus se agrada.

28 setembro 2005

Apanhado de fotos

Recentemente fiz um apanhado das minhas fotos de aves que achei melhores, e que ainda não tinha no flickr. Aqui ficam elas, uma boa oportunidade de ver as maravilhas criadas por Deus.

Pilrito das Praias (Calidris alba):
Pilrito das Praias (Calidris alba)
Garça Branca (Egretta garzetta):
Garça Branca (Egretta garzetta)
Camão (Porphyrio porphyrio):
Camão (Porphyrio porphyrio)
Pavão (Pavo cristatus):
Pavão (Pavo cristatus)
Pato Trombeteiro (Anas clypeata):
Pato Trombeteiro (Anas clypeata)
Toutinegra Real (Sylvia hortensis):
Toutinegra Real (Sylvia hortensis)
Cegonha Branca (Ciconia ciconia):
Cegonha Branca (Ciconia ciconia)
Periquito Rabijunco (Psittacula krameri):
Periquito Rabijunco (Psittacula krameri)
Pato Real (Anas platyrhynchos):
Pato Real (Anas platyrhynchos)
Rola Turca (Streptopelia decaocto):
Rola Turca (Streptopelia decaocto)
Galeirão (Fulica atra):
Galeirão (Fulica atra)
Frisada (Anas strepera):
Frisada (Anas strepera)
Guincho (Larus ridibundus):
Guincho (Larus ridibundus)
Gaivota de Asa Escura (Larus fuscus):
Gaivota de Asa Escura (Larus fuscus)

Aborto Reloaded

Hoje o parlamento aprovou um novo referendo ao aborto. Nada de novo, todos já esperávamos isso.

A diferença entre os apoiantes do aborto e os que são contra é simples. Os que são contra acreditam que o ser humano o é desde o momento da concepção, e os outros acreditam que só a partir das 5/10/15/20 semanas (aí há para todos os gostos). Eu sou contra o aborto, porque considero que um embrião é um ser humano. E como tal, matá-lo é um assassínio. Mas compreendo que outras pessoas tenham uma visão diferente da coisa.

Quanto ao referendo, eu vou votar não. Mas para ser sincero, o resultado do referendo para mim é irrelevante. O que é para mim relevante, é se a igreja em vez de limitar-se a criticar quem o faz, vai ter a coragem de apoiar as pessoas que não têm condições para ter os filhos. Sim, porque aquelas que abortam porque sim, pouco há a fazer. Abortam quer seja legal ou não. Mas há pessoas que gostavam de ter os filhos, e por pressões económicas, socias, ou familiares optam pelo aborto. E se a igreja decidir levantar o rabo do sofá confortável para ir ajudar essas pessoas, aí sim vamos fazer a diferença. Se a igreja não o fizer, continuará a ser apontada como os velhos dos marretas, que criticam da sua posição de conforto, e não se importam realmente com as pessoas que estão a passar por essas situações.

Connect Portugal II

Vai ser este fim de semana, e eu não vou, com muita pena. O pessoal que está a pensar a igreja de forma diferente vai estar lá, e acho que vai ser um óptimo tempo. No próximo vou tentar não faltar. Mais informações aqui.

Fim de Semana Europeu de Observação de Aves

Vai ser no próximo fim de semana, um pouco por todo o país. É uma excelente oportunidade de ver o que é isto da observação de aves.

Gostava de destacar no dia 1 a saída pelágica (marinha, para os leigos) às Berlengas, na qual vou participar, e no dia 2 a saída de campo à Ria de Alvor, organizado pela A Rocha, uma entidade cristã. Todas as saídas são grátis, excepto a das Berlengas. Mais informações no programa que se encontra aqui.

Paixão precisa-se

Não, não é esse tipo de paixão. É o tipo de paixão que nos leva a fazer algo, é o tipo de paixão que nos tira a indiferença, é o tipo de paixão que nos leva a agir.

A paixão é a melhor coisa para motivar uma pessoa, e o amor é a melhor coisa para manter a pessoa motivada. Se a pessoa não se apaixona por um projecto, nunca dará o passo de se envolver nele. E se não criar amor por esse projecto, o seu envolvimento durará apenas enquanto a sua paixão durar.

Muitas vezes os líderes perguntam como motivar as pessoas a fazer algo. Têm um projecto, e querem que as pessoas adiram a ele. Penso que o processo deve ser ao contrário. Devemos ver quais são as paixões das pessoas, perceber quais os projectos que elas ambicionam. Se os descobrimos e os desenvolvemos, bem cedo perceberemos que não é preciso motivar as pessoas, porque a motivação sempre esteve lá. Tentar que elas façam algo pelo qual não têm interesse é que não leva a lado nenhum.

23 setembro 2005

Justificação

Ontem, na mesma conversa do post anterior, falámos sobre a justificação. A diferença entre a forma como nós vemos a justificação, e a forma como os judeus no tempo de Cristo viam a justificação.

Uma parte da Bíblia que não tem lógica nenhuma quando pensamos no nosso conceito moderno de justificação, encontra-se no capítulo 38 de Génesis. Vale a pena ler com atenção, mas resumido diz que foi prometido a uma mulher que certo homem casaria com ela. Como a promessa não foi cumprida, ela disfarçou-se de prostituta, e enganou-o de forma a ele casar com ela. Aos nossos olhos, ela usou de engano, e não há justiça neste acto. No entanto, o versículo 26 diz que: "Judá reconheceu-os e disse: «Ela é mais justa do que eu, pois é verdade que não lhe dei o meu filho Chelá.»". A questão de justificação para o povo judeu não estava no acto ser bom ou mau, mas na questão de fidelidade. Ela foi justa porque foi fiel ao que tinha sido combinado, e não porque agiu de forma ética (até porque foi tudo menos ética).

Nós cristãos somos justificados pela fé, sem dúvida, mas a decisão que tomámos foi de sermos fiéis a Cristo. E é nesse acto de decidirmos ser fiéis a Cristo que somos justificados. É assim que o judeu nos tempos de Jesus entendia a justificação. Claro, como parte de sermos fiéis a Cristo devemos também agir de forma ética. Mas isto faz-nos lembrar estas palavras de Tiago: "De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo?" (Tiago 2:14). Não que a salvação venha pelas obras (Efésios 2:8-9), mas as obras fazem parte da fé. E não existe fé sem obras.

A fé nas obras

Ontem numa conversa com o Allan, falamos um pouco sobre as obras. Regra geral, os protestantes acreditam que a salvação (seja lá o que isso for) é adquirida pela fé, e não pelas obras. Por outro lado, os católicos acreditam que a salvação vem pelas obras. E este é um dos pontos de maior conflito teológico entre os dois movimentos.

É interessante notar que os evangélicos, como "bons" protestantes que são, acreditam que a salvação é pela fé. No entanto, alguns deles apenas o são na teoria. Porquê? Coloca-se uma série de condições antes da conversão das pessoas. Primeiro a pessoa tem de deixar de fumar, de beber, de consumir drogas, de prostituir-se, de roubar, e em alguns casos até as mulheres têm de ter o cabelo comprido, usar saias compridas (nada de calças), e por aí vai. No fundo, é uma lista de regras (obras) que as pessoas têm de cumprir antes de se converterem ao cristianismo.

Na teoria, a salvação é pela fé. Na prática, primeiro vêm as obras, para que depois possa vir a fé. Que coisa triste. É verdade que a fé vem acompanhada de obras, mas inverter a coisa é colocar na pessoa um fardo que ninguém pode suportar. Quem é capaz de mudar a sua vida pelas suas próprias forças? Antes é necessário nos entregarmos primeiro a Cristo, e deixar que ele vá limpando a porcaria que há na nossa vida.

Explicar a igreja emergente

Encontrei aqui um bom artigo de alguém a questionar o "sistema" da igreja moderna. Muito interessante.

22 setembro 2005

Que se lixe a natureza

Que se lixe a reciclagem, e o poupar água, e os transportes públicos. Essa é a atitude na prática da maioria dos portugueses. Se perguntarmos directamente, todas as pessoas dizem que se deve cuidar da natureza. Mas quando isso exige algum esforço constante da nossa parte, ou pior ainda, mudança de hábitos, então que se lixe. Os contentores da reciclagem estão a mais de 100 metros da porta de casa? Então que se lixe, a culpa é da câmara que não põe os contentores aqui ao pé. Falta água? Se os outros não gastam menos porque hei-de eu gastar? Há muita poluição no ar? Não é minha culpa, há aí muitos que poluem bem mais do que eu.

E a igreja, que devia de servir de exemplo pela positiva, vai atrás.

Dia sem carros com carros

Como era de esperar, o dia sem carros é só dia sem carros de nome. Na realidade as pessoas continuam a vir de carro para Lisboa. E se já o fazem no resto do ano, porque fariam diferente neste dia? Não lhes gabo o gosto. Ter de vir a conduzir, apanhar filas de trânsito, ter dificuldades em estacionar, gastar imenso dinheiro (combustível, portagens, estacionamento), e tudo isso por um pseudo-conforto.

Mas por outro lado, talvez se os acessos fossem melhores, algumas dessas pessoas começassem a usar os transportes públicos. Neste momento todos os transportes passam por Lisboa. Para mim fazia muito sentido linhas de comboio que fizessem o caminho à volta de Lisboa (Oeiras-Cacém-Loures).

Eu pessoalmente não me queixo, apanho o comboio e o metro todos os dias de Massamá para Picoas, levo 40 minutos, e prefiro mil vezes do que vir de carro. Venho descansado, posso ler à vontade, etc. Não sei se levava mais ou menos tempo do que de carro, mas só o que poupo em dinheiro e stress já vale a pena.

21 setembro 2005

O tempo e o seu uso

Há várias coisas que gostamos de fazer, e procuramos ocupar o nosso tempo livre nelas. Andar de bicicleta, jogar futebol, passear, observar aves, fazer escalada, fazer mergulho, etc. Estamos a usar o nosso tempo em coisas que nos fazem sentir bem, que lidam com o stress do dia a dia. E apesar de isso serem coisas necessárias, alguns de nós têm um certo sentimento de culpa por estar a "desperdiçar" o seu tempo nestas coisas.

A sociedade capitalista criou este defeito, o defeito de pensarmos que temos de estar sempre a fazer algo de "importante", obra que se veja. Em vez de "desperdiçar" o tempo nessas coisas, sentimos que deveríamos usar o tempo a trabalhar em algo importante, a ajudar os desfavorecidos, a orar, a participar em 1001 ministérios na igreja. Criámos a mentalidade de que o tempo de lazer é tempo desperdiçado.

Se formos analisar as Escrituras, vemos que Deus criou um dia por semana para o descanso, criou várias festas nas quais os Judeus eram "obrigados" a descansar e celebrar. O tempo de lazer fez sempre parte dos propósitos de Deus. Mas nós estamos mais preocupados com as obras que fazemos, do que com a nossa atitude.

"Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»"
(Lucas 10:38-42)

19 setembro 2005

Um pouco acerca de mim

Desafio-vos a fazerem o mesmo no vosso blog, é uma experiência interessante.

5 coisas que pretendo fazer antes de morrer:

- Aprender japonês.
- Visitar o japão.
- Viajar para um sítio tropical com o objectivo de observar e estudar aves.
- Fazer algo de significativo na comunidade.
- Criar um resort turístico para amantes das aves (parte do projecto implicaria recuperação/criação de habitat para várias espécies).

5 coisas que consigo fazer:

- Cozinhar.
- Sonhar acordado.
- Persistir. E persistir, e persistir, e persistir...
- Levar muito tempo em contacto com a natureza.
- Programar.

5 coisas que não consigo fazer:

- Estar parado.
- Apaixonar-me facilmente pelas coisas.
- Ouvir pessoas que falam muuuuuuiiiito devagar.
- Perder a oportunidade de um bom debate.
- Auto motivar-me. Ou seja, motivar-me sem que haja razões para isso.

5 coisas que me atraem nas pessoas:

- Paixão pelo que fazem.
- Iniciativa.
- Inteligência.
- Calma.
- Certeza do que são e do que querem fazer.

5 coisas que digo com frequência:

- "Podes ir tu a conduzir?"
- "Já são 23:00, estou cansado, quero ir dormir."
- "Esqueci-me..."
- "Bora almoçar!"
- "Pois."

Não há topo num globo

Tenho estado a pensar numa analogia interessante, acerca da forma como temos razão ou não, e de como mudamos de opinião. Penso que nesse sentido podemos ver a vida como um globo, onde estão posicionadas todas as pessoas do mundo. Quanto maior a diferença entre nós e a outra pessoa, maior a distância no globo entre nós e ela, até que o limite máximo é o ponto oposto do globo.

Na nossa posição, temos a perspectiva de nós estarmos no topo, e todas as outras pessoas estarem abaixo de nós. Ou seja, em princípio, nós é que temos razão. E quando outra pessoa confronta a nossa opinião, nós sentimos que devemos descer ai nível dela, enquanto que a outra pessoa (porque pensa estar também no topo) tem a perspectiva de nós estarmos a subir ao nível dela. E é exactamente essa perspectiva que nos leva a ter problemas em mudar a nossa opinião, porque não se trata apenas de uma opinião, mas de uma posição hierárquica.

Todos devemos aperceber-nos que estando num globo, todos estão ao mesmo nível. Apenas estamos em posições diferentes. E quando mudamos algo, não descemos nem subimos, limitamo-nos a mudar de posição nesse globo.

Nenhum de nós é superior a ninguém, todos estamos ao mesmo nível, e todos devemos estar abertos a rever a nossa posição e a corrigi-la se necessário. Nesse globo também podemos imaginar Jesus, como o ponto no globo para o qual todos devemos gravitar. Ele é o único ponto no globo que não precisa de mudar de posição.

18 setembro 2005

Experimentar binóculos

Na sexta comprei uns binóculos novos. Uns Nikon Action 10x50CF (O melhor que havia tendo em conta o que eu queria gastar). E então ontem fui experimentá-los. Fui a tudo o que era sítio, com todo o tipo de condições. Dentro da floresta, na praia, com sol, com céu nublado (o tempo ajudou), com céu nublado dentro da floresta, e fiquei impressionado com a qualidade dos binóculos, em todos os aspectos. Para quem estava habituado a uns com um diâmetro de 25, a diferença é abismal. Uma definição de cor e de luz muitíssimo maior, e uma maior área de visualização.

A maior diferença nota-se dentro da floresta, onde há muito pouca luz. Consegui ver várias espécies com uma nitidez imensa. Vi dois Chapins Azuis em que o azul estava super brilhante, assim como no chapim real, onde deu para ver claramente as tonalidades esverdeadas no manto (zona por detrás da cabeça).

Num dia que era só para experiências, como bónus, acabei por ver um pássaro, que nunca tinha visto, um Papa moscas (Ficedula hypoleuca). E ainda por cima vi-os várias vezes em vários sítios. Acho que a conta vai agora em 139 espécies vistas, a contar com a Coruja das Torres (Tyto alba) que vi no outro dia por mero acaso.

Acabei também por tirar umas fotos a umas gaivotas de patas amarelas (as mais comuns):

Gaivota de patas amarelas (Larus cachinnans)
Gaivota de patas amarelas (Larus cachinnans)

16 setembro 2005

A medicina e a evolução

Parece-me a mim que a medicina está a estragar o processo evolutivo da espécie humana. Através da medicina estamos a perpetuar defeitos genéticos, e a não permitir que os mais fracos desapareçam, deixando assim de contaminar com os seus maus genes as próximas gerações. Esta é a análise fria.

Porque é que ao fazer uma afirmação destas, qualquer pessoa começa com comixões? Porque de repente, se não fosse a medicina, muitos de nós tínhamos morrido. Seja por doenças genéticas, congénitas, cancros, gravideses problemáticas, ou outras doenças esquisitas; todos nós conhecemos várias pessoas que teriam morrido se não fossem os avanços mais recentes da medicina. Todos nós temos pessoas que amamos que continuam entre nós por causa disso, e estamos gratos por isso.

Porquê esta contradição? Será que esta coisa chamada amor é um impedimento para que a humanidade tenha um futuro? Ou será que há muito mais do que um processo evolutivo? E se o amor é algo contra-producente à evolução, então porque é que no processo evolutivo criámos esta capacidade? Ou será que toda essa evolução (se houve evolução) foi um processo orientado por alguém inteligente? Ou seja, por Deus?

Ocidentalização da igreja

O cristianismo começou no oriente, e não no ocidente. No entanto, devido a questões históricas das expanção do cristianismo, hoje em dia o cristianismo é considerado ocidental. E a maioria dos cristãos tem uma mentalidade ocidental.

Na realidade, o cristianismo não é nem ocidental nem oriental. O cristianismo é acultural. O que não é acultural é o evangelismo feito nos dias de hoje. Hoje, quando evangelizamos, temos a soberba de também culturalizar, comprometendo a universalidade da mensagem de Cristo.

14 setembro 2005

Tomar responsabilidade

É raro ver alguém tomar responsabilidade. E não estou a falar de tomar responsabilidade como o Bush fez agora, ao dizer que assumia a responsabilidade por não ter havido resposta mais rápida à calamidade de New Orleans, mas de onde não veio consequências nenhumas. Não estou a falar de dizer: "A culpa é minha, sim. E daí?" Estou a falar de realmente assumir a responsabilidade por aquilo que fazemos, e receber as consequências devidas disso, tentando fazer o melhor para remediar a situação.

É mais fácil passar a responsabilidade para outros. É mais fácil deixar a coisa por tratar. É mais fácil deixar andar e esquecer. Mas a consequência disso é que não se aprende com os erros do passado, não se amadurece, e os mesmos erros são novamente cometidos. Já ninguém se lembra dos erros do Guterres, nem dos erros do Santana. Tudo isso fica esquecido, e ninguém assume ou sofre as consequências dos seus actos. E no fim, quem se lixa, é sempre o mesmo.

13 setembro 2005

Como Jesus intervia na sociedade?

É crença comum nos dias de hoje que a igreja necessita de instituições para ser relevante para a sociedade. É interessante que a igreja pense nisso, visto que esse caminho nunca foi o adoptado por Jesus, nem pela igreja primitiva. Aliás, o momento em que a igreja passou a ter isso, com a conversão de Constantino, foi o momento em que começou a perder a sua força, a deixar de ser uma comunidade, a deturpar as palavras de Cristo com doutrinas que não lembram a ninguém.

Alguns dizem que essa é a forma dos dias de hoje. Que para sermos relevantes na sociedade de hoje, é necessário estarmos organizados em instituições. Eu concordo parcialmente. Eu não acredito que a igreja necessite de ser uma instituição. Não sinto que a igreja, como organismo, precise ser um instituição no sentido hierárquico do termo, embora dê jeito ter representatividade jurídica. Agora, para intervir socialmente, creio que devemos sem dúvida organizar instituições de solidariedade social. Mas isso será outro assunto.

A igreja deve acima de tudo intervir na sociedade através do testemunho pessoal de cada crente. De que serve fazer uma marcha para Cristo com milhares de cristãos, quando as igrejas estão em conflito entre si? De que serve fazer um grande dia do evangélico com mais outros milhares de cristãos quando o amor de Cristo não está a ser mostrado por esses mesmos cristãos? De que serve dizer que somos cristãos quando não mostramos no dia a dia o que somos?

"De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta.
Mais ainda: poderá alguém alegar sensatamente: «Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé. Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também o crêem os demónios, mas enchem-se de terror."
(Tiago 2:14-19)

A igreja é uma sociedade à parte?

Esta é uma questão pertinente. Somos uma sociedade à parte, e é nosso papel converter as pessoas à nossa sociedade? Ou fazemos parte da mesma sociedade que as outras pessoas? A igreja está inserida na sociedade? De que forma?

Eu creio que não somos uma sociedade à parte, e que o facto de nos vermos muitas vezes como uma sociedade à parte, leva a que nos tornemos pouco relevantes para a sociedade actual. O cristianismo é acultural, não depende de nenhuma cultura específica. Uma pessoa não precisa mudar a sua cultura para se tornar cristão, mas sim viver o cristianismo devidamente inserido na sua cultura e sociedade.

Ao nos tornarmos uma sociedade à parte, com a sua cultura, costumes e regras próprias, criamos barreiras à mensagem de Cristo. Tornamos o processo de conversão mais difícil. Fazemos o oposto do exemplo que Cristo nos deixou. Ele estava devidamente inserido na sociedade, estava onde estavam os pecadores, comia e bebia ao lado deles, partilhava das tristezas deles, estava nas suas festas, e tudo isso sem comprometer o que ele era (e é) e a sua mensagem.

Igreja reformada ou movimento paralelo?

A igreja deve ser algo sempre em constante mudança. Mas analisando a sua história, os movimentos de renovação da igreja têm surgido mais como movimentos paralelos aos existentes, do que movimentos opostos aos existentes. Quando vejo a igreja dos dias de hoje, vejo muitas coisas com as quais não concordo, mas não tenho como alvo extinguir aquilo que existe, porque até vai ao encontro das necessidades de muitas pessoas. Aquilo que quero ver acontecer, e vejo já a acontecer, é um movimento paralelo, que deseja ver a igreja de uma forma mais simples, com uma vida mais em comunidade, com uma estrutura mais horizontal entre os seus membros, mais preocupada com os problemas sociais da comunidade, inserida na comunidade à sua volta, e por tudo isso uma igreja mais relevante à sociedade dos dias de hoje.

Um dia virá em que este movimento que surge precisará ele mesmo de reforma, e sei que nessa altura surgirão outros movimentos paralelos que darão continuidade à mensagem de Cristo.

Hoje Gaza, amanhã Jerusalém

Este é o grito dos palestinianos, incentivados pelo abandono de Gaza por parte dos israelitas. É triste que assim seja. O que poderia ter sido uma oportunidade de paz, vai certamente tornar-se num incentivo para o aumento da violência.

Tempo, e a sua ausência

É possível ter muito tempo, e é possível não ter tempo nenhum. E ambas as coisas dependem de nós próprios. Se eu quiser, consigo estar sempre ocupado, não é difícil arranjar coisas para fazer. Por outro lado, não ter nada para fazer também é fácil, basta não me envolver em nada além do essencial.

O problema está em conseguir manter um equilíbrio, em que não estou demasiado ocupado, nem demasiado desocupado. O que acaba por acontecer na prática, é que em certas alturas estou demasiado ocupado, e depois altero a minha vida de forma a ficar menos ocupado do que seria saudável, e continuo nesse ciclo. Mas acho que cada vez o ciclo é mais fechado, e a cada vez chego mais perto do equilíbrio.

A arte de usar bem o tempo é uma arte difícil de domar.

12 setembro 2005

Filme visto: Charlie e a Fábrica de Chocolate

Ontem fui ver este filme, e gostei bastante. Estava muito giro, cheio de pormenores imaginativos. Fartei-me de rir. E por outro lado também faz uma crítica muito boa de vários tipos de educação que se pode dar a uma criança, mas sobre isso, como não tenho filhos, prefiro não me pronunciar :)

O amor

O amor é algo que não se explica. Não é algo racional. Quando amamos alguém, amamos essa pessoa apesar dos seus defeitos. Somos capazes de suportar coisas dessa pessoa que não suportaríamos de outra pessoa qualquer. Minimizamos os defeitos e aumentamos as virtudes. E é exactamente isso que torna o amor tão belo e tão desejado. Encontrar a pessoa ao lado da qual queremos passar toda a nossa vida. Pessoa essa que não precisa ser a mais bela, a mais inteligente, ou a mais simpática do mundo, mas que aos nossos olhos é isso e muito mais.

11 setembro 2005

Igreja: Missionária ou Tradicional?

Um excelente e curto artigo sobre qual deve ser o foco da igreja.

update: corrigido o link.

10 setembro 2005

5 anos de casamento

Faz hoje 5 anos que a minha felicidade se tornou completa.

09 setembro 2005

A propósito dos paninhos

Se lerem o post anterior como sendo uma parábola, pode ser que cheguem a uma conclusão interessante.

Porcaria para os paninhos

Os paninhos que nos dão quando compramos óculos são uma porcaria. Se querem óculos limpos como deve de ser, usem papel higiénico, papel absorvente, um papel qualquer que seja suave. Só assim ficam realmente limpos.

Não foi para mim

O problema de quando se criticar o sistema sem usar exemplo concretos, é que ao ouvirmos a crítica tendemos a pensar nos outros, e não em nós próprios. De alguma forma racionalizamos que aquilo não é para nós (afinal de contas eu estou certo!), e passamos a procurar exemplos nos outros.

Uma boa atitude a ter seria de pensar se isso se aplica a nós. Se sim, considerar que a crítica pode ter razão de ser. E se tem razão de ser, tomar uma atitude de mudança.

08 setembro 2005

Reinventar-se

Toda a instituição ou organismo necessita reinventar-se, ou morrer. Ou nos adaptamos constantemente às novas realidades, ou acabaremos por morrer e dar lugar a outros organismos que o fizeram. E penso que nós temos visto ambas as coisas acontecerem à nossa volta.

A sociedade está em constante mudança, e o que não muda com ela, acaba por morrer.

07 setembro 2005

Institutos Bíblicos

O verdadeiro ensino académico vai além da teoria dada nas aulas. Mais importante que a teoria, que pode ser aprendida nos livros, é o contexto em que ela nos é ensinada. A oposição e a necessidade contribuem para o ensino bem sucedido.

Quando somos confrontados com outras realidades diferentes, o nosso cérebro é muito mais exercitado. Quando vejo posições e ideias que vão contra aquilo que a minha denominação defende, sou obrigado a tentar perceber porque os outros acreditam como acreditam, e sou levado a chegar uma conclusão muito mais fundamentada. Passo a saber as coisas por mim, em vez de saber apenas porque os outros assim disseram. É por isso que eu acredito que um Instituto Bíblico deve ser inter-denominacional. Por essa razão eu continuo a insistir no IBP do Tojal, quando o Seminário Batista fica muito mais perto de casa.

A necessidade é o outro factor importante. Se tentei aconselhar alguém e tive dificuldades, conseguirei extrair muito mais de uma disciplina de aconselhamento. Por um lado porque tenho interesse, por outro lado porque já tenho uma ideia de quais as dificuldades que precisam de resposta. Como conjugar isso com o ensino académico? Temo que a sociedade não esteja preparada para isso...

IBP este semestre não

Como disse antes, estava na espectativa de ver quais as disciplinas que iriam haver este semestre no IBP. Por um lado, fiquei feliz ao saber que iam ter a disciplina de Exegese do Novo Testamento. Mas a alegria durou pouco. A disciplina está dividida em dois dias. Duas horas num dia, e uma no outro. Por isso, não a vou fazer.

É pena que o IBP persista nesta prática. A despesa em combustível e em tempo é demasiada. Não faz sentido exigir de estudantes que trabalham esse esforço extra, para mim fazia muito mais sentido que as 3 horas fossem no mesmo dia.

Dito isto, o IBP continua no meu coração, e eu continuo a acreditar no IBP.

Diversidade na comunidade

As comunidades têm algo de unidade, mas também algo de diversidade. As pessoas juntam-se porque têm algo em comum, ou para desenvolver um projecto que beneficie ambas as partes. Mas isso não significa que sejam iguais em todas as coisas. E se ignorarmos essa realidade, mais tarde ou mais cedo a comunidade entrará em ruptura.

É preciso pensar em formas de manter essa diversidade dentro da unidade. Respeitar as diferenças de cada um, e apoiar os projectos uns dos outros. Todos diferentes, mas unidos.

06 setembro 2005

O que esperar de uma comunidade

Como tinha dito, a palestra que o Larry Wall deu na YAPC teve muito conteúdo em termos do que deve ser uma comunidade. E o que esperar dessa comunidade.

Ele usou um exemplo muito bom. No relacionamento com a esposa dele, ele ama-a e aceita-a tal como ela é, mas por outro lado também espera que ela se torne uma pessoa melhor. E dentro de uma comunidade passa-se o mesmo. Devemos amar e aceitar os outros como são, mas por outro lado é natural que cada um de nós espere que as pessoas amadureçam, e que a comunidade como um todo amadureça. Ninguém quer fazer parte de algo que nunca melhora, que continua sempre igual. Em qualquer relacionamento tem de haver uma evolução, ou chegaremos a um ponto em que a coisa estagna e morre.

05 setembro 2005

Postcrossing

Uma coisa interessante com que me deparei recentemente é o Postcrossing. Registamo-nos no site, e a partir daí podemos obter endereços de algumas pessoas para lhes enviar postais, a ao mesmo tempo vamos começar a receber postais de pessoas que não conhecemos. Pode ser uma ideia maluca, mas eu achei interessante.

Para já, enviei 3 postais mas ainda não recebi nenhum.

Ser guiado por Deus

Todos nós podemos ser guiados por Deus. Todos nós podemos sentir essa orientação. Mas o que fazer quando duas pessoas sentem uma direcção diferente que contradiz uma com a outra?

Muitas vezes a nossa reacção é de pensar que o outro não está a perceber a direcção de Deus, porque temos certeza do que ele nos está a revelar. Mas na realidade podemos ser nós a perceber mal a direcção de Deus, ou podemos estar ambos errados. Porque nós somos seres imperfeitos, e na realidade podemos perceber tudo mal. Podemos pensar que estamos a seguir a visão correcta, mas depois ver que não estamos.

Vou ainda mais longe, podemos ambos estar certos. E talvez isso signifique que ambas as visões são para ser desenvolvidas, mas por pessoas diferentes. E isso não significa que deixe de haver união, significa apenas que Deus quer agir em duas facetas diferentes.

Quando não há unanimidade, é necessário orar e discutir, para perceber melhor a direcção de Deus. E se se der o caso de não se chegar a unanimidade, então sejamos unanimes numa coisa: Vamos respeitar o que Deus está a mostrar a cada um, e fazê-lo da melhor forma, sem pôr aqueles que pensam de forma diferente de lado.

04 setembro 2005

Blog técnico

Este blog é suposto ser um blog sobre igreja simples, e penso que tenho conseguido não fugir muito do tema. Por outro lado, uma outra área da minha vida é a área "geek". Programação, informática, etc. E esse tipo de coisas nem sempre faz sentido colocar neste blog.

Por essa razão e por outras, estou a pensar criar um blog técnico. Não que deixem de aparecer coisas técnicas aqui, mas porque o público-alvo que pretendo atingir é diferente. Enquanto que o alvo deste blog são pessoas portuguesas interessadas no cristianismo, o alvo do blog técnico será pessoas interessadas em tecnologias open source de todas as nacionalidades. Por isso será um blog em inglês.

Tenho de amadurecer isto um pouco mais, mas é uma coisa que espero conseguir fazer em breve.

Como perceber os outros

A melhor forma de compreender uma pessoa é falar com ela. Falar a sério. Ou seja, ouvir e tentar perceber o que a pessoa está a dizer. Ser franco, fazer perguntas.

Infelizmente, muitas vezes o que se faz é ouvir, calar, e mais tarde tentar perceber o que a outra pessoa estava a dizer. E é assim que se geram mal entendidos.

02 setembro 2005

Último dia da YAPC

Tem sido uma óptima conferência. Tenho aprendido bastante. Além disso, algumas pessoas gostaram da minha palestra, o que me faz feliz. Outras não gostaram de algumas coisas e fizeram algumas críticas, o que me fez ainda mais feliz. É que quando a coisa não mexe com ninguém, as pessoas simplesmente dizem que foi fixe, e vão embora. Se as pessoas se dão ao trabalho de criticar é porque a coisa realmente lhes interessa.

Aprendi bastante a participar na conferência, a ver como tudo funcionou. E aprendi bastante com o facto de ter feito uma das palestras, e de toda a resposta que tive, e da forma como essa resposta foi feita (frontal mas simpática).

01 setembro 2005

Sentido de Comunidade

Tenho aprendido bastante na YAPC acerca de comunidade. Alguns pensamentos que tenho processado ultimamente, tenho visto na prática aqui na conferência. Outros não tenho visto, mas também não estava à espera de ver.

A forma como a comunidade funciona com um todo, com líderes que o são por serem aceites por todos, a liberdade e o à vontade com que as opiniões são partilhadas e discutidas, tudo isto tem sido uma experiência muito interessante.

Como correu a palestra

Acho que correu bem. Não foi perfeita, mas estive bastante à vontade, e penso que consegui passar os principais pontos que queria passar. Em breve coloco aqui um link para o conteúdo da palestra, para o caso de alguém estar interessado.

update: Já estão online a apresentação e o documento mais extenso, cortesia do Pedro Custódio.

Primeiro dia da YAPC::EU::2005

Algumas fotos do primeiro dia:

Entrada
Morfes
Sala 'Log'
Eu na conferência
Caminhada para Bom Jesus
Igreja Bom Jesus

Mais fotos aqui tiradas pelo Delfim.

update: Ainda mais fotos aqui (Pedro Custódio) e aqui (André Ribeirinho).