Por definição, ninguém tem o conhecimento absoluto a não ser Deus. Por isso não há lógica nenhuma em o ensino ser um caminho de um só sentido, em que a pessoa que tem o conhecimento (o sabichão) partilha o que sabe com os alunos (que se limitam a ouvir). Quando tomamos essa atitude, o resultado é o seguinte:
Primeiro, o conhecimento global não é aumentado. Apenas parte do que o "mestre" sabe passa para os "discípulos". E o que passa depende da capacidade de ensino do mestre.
Segundo, os alunos não se habituam a pensar por si mesmos. A única fonte do seu conhecimento é o mestre, e nunca procuram ir além. Ficam-se pela mediocridade, e não há inovação.
Terceiro, o mestre passa a ser visto como o detentor de todo o conhecimento, o limite superior do conhecimento. Quando isso acontece, as pessoas esforçam-se a obter apenas um pouco menos que o conhecimento que o mestre tem, e nunca além dele. Não há inovação. E o mestre torna-se uma pessoa soberba, convencida.
Quarto, o aumentar do conhecimento está limitado à capacidade de ensino do mestre, e a inovação fica a cargo de uns quantos mestres ao debaterem entre si. O resultado é que essa inovação, se acontecer, só chegará ao resto das pessoas se os mestres tiverem a capacidade de transmitir a visão de uma forma apaixonante.
Se ao contrário disso todos tiverem a atitude de aprofundar esse conhecimento que está a ser debatido, no fim o conhecimento global (mestre + alunos) terá aumentado, e surgirá a inovação. E não será preciso aos mestres motivarem os alunos a seguir o caminho inovador, uma vez que fazendo parte do processo, todos estarão motivados a ir em frente. A forma mais fácil de motivação é tornar as pessoas parte de todo o processo. Todos aprenderão mais, e todos estarão motivados a agir nesse novo conhecimento (incluíndo o mestre).
Nota: Inspirado aqui.
Nota 2: Com Jesus é diferente, porque ele tem o conhecimento absoluto, logo pode ensinar num só sentido. Mas mesmo assim ele escolheu ensinar através do relacionamento e do debate, como podemos ver nas escrituras.
04 janeiro 2006
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2 comentários:
Concordo absolutamente contigo, o mestre deveria partilhar os seus conhecimentos e não em jeito de imposição como actualmente se faz e mostrar aos seus instruendos o caminho mais adequado a seguir por cada um deles
Caro Nuno Barreto.
O que me interpela é apreender se a incitação comportamental (de que trata a ética, e a religião assola) é passível de comunicação enquanto conhecimento, enquanto conteúdo discursivo ou convívio social.
A vida, não o é com certeza, e muito menos o seu fundamento.
Aqui não há outros; aqui somos todos iguais, estritíssima mesma situação.
Os mestres aqui são a morte, e o amor de Deus.
Os restantes “ensinadores” – mestres, alunos, amigos, acontecimentos… - ecoam e co-vivem tal. Ou dissolvem-se. Porque só o fundamento pode manter, fazer crescer e reunir.
O “um” não é um número, mas condição para todo e qualquer número.
Abraço amigo.
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