04 novembro 2005

A fé e as obras

Se há texto na Bíblia que resume este tema, é o seguinte:

"Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo amor imenso com que nos amou, precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo - é pela graça que vós estais salvos - com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Cristo. Pela bondade que tem para connosco, em Cristo Jesus, quis assim mostrar, nos tempos futuros, a extraordinária riqueza da sua graça.
Porque é pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas obras que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos."
(Efésios 2:4-10)

Se tivéssemos de adquirir a salvação pelas obras, estávamos bem lixados. Nenhum de nós seria capaz. E é exactamente devido a essa incapacidade que Jesus teve de vir à terra. Qual é o lugar das obras? As obras não são o que leva à salvação, mas são sim um resultado da salvação, que começa no momento em que decidimos seguir Jesus.

4 comentários:

Ver para crer disse...

Caro Nuno Barreto:
estou completamente de acordo com o teu post e é esse também o ensinamento da igreja católica. Isso mesmo foi aprovado pelas Igrejas Católica e Luterana, num documento fruto de diálogo ecuménico mútuo.
Mas pergunto: uma pessoa salva-se se desprezar os Mandamentos de Deus?
Várias passagens da Bíblia parecem dizer que não e é nesse ponto que pode haver divergência entre as nossas crenças. Ver por exemplo: Tiago 2, 14 e seguintes e Pedro 1, 17.

Nuno Barreto disse...

Um verdadeiro cristão (seguidor de Cristo) nunca desprezará os mandamentos de Deus conscientemente. Como disse, a salvação leva a que haja obras.

Não sei bem qual é a posição protestante em relação a isso, mas sei que a posição evangélica é essa, com a qual eu concordo.

Quanto à crença da igreja católica, segundo o concílio de Trent (Canon 9), acredita o seguinte: "Se alguém diz que é justificado somente pela fé; dizendo que mais nada é necessário para cooperar de forma a receber a graça da justificação, (...) seja condiderado maldito" (tradução minha)

A diferença está neste pormenor. O movimento protestante (principalmente na vertente evangélica) acredita que a salvação é somente pela fé, e que as obras são um resultado dessa fé (que no fundo confirmam a mudança interior). A igreja católica, por outro lado, acredita que a fé e as obras são igualmente cooperadoras de forma a receber a justificação.

Na realidade esta é uma diferença meramente doutrinária. Na prática, resultam ambas na mesma coisa: Um cristão tem de ter obras.

Concordo que hajam outras diferenças que assumem muito mais importância, mas esta diferença, ainda que seja um pormenor, existe. A questão para mim, no fim de tudo, não é se existem diferenças, mas como lidamos com as diferenças que existem. Usamo-as como desculpa para a divisão, ou continuamos a procurar a comunhão entre todos?

Anónimo disse...

Bom, o teu último parágrafo deixa muito a desejar! Tenho visto não-cristãos com uma vida repleta de boas obras, enquanto que uma boa parte de cristãos, nem boas obras se conhecem aos que lhe estão mais perto!

Tem lá a santa paciência, mas Jesus veio à terra para mostrar a nós, ignorantes, o Amor do Pai, e tê-lo, a Cristo, como um exemplo a seguir. Conta lá pelos dedos das tuas mãos quantas pessoas conheces e pensas: Neste vejo a Cristo.

Esta questão, a das obras versus fé, é de longe a que menos pesa para a divisão entre Católicos Romanos/Ortodoxos e Católicos.

Ver para crer disse...

«Um cristão tem de ter obras».
Isso é que me parece importante salientar. O resto são apenas conceitos ideológicos, a que Tiago responde:«A fé sem as obras é morta»
Nuno Barreto, estou a gostar do teu blogue e já o linkei há tempos. Se quiseres faz o mesmo com o meu.