30 dezembro 2005

Rally Lisboa-Dakar? Isso é para fracos...

Homens a sério (e mulheres a sério) fazem o Plymouth - Banjul Challenge.

O trajecto é bastante mais comprido do que o do Lisboa-Dakar, e tem de ser feito com um carro que custe menos de 100 libras. A organização não dá qualquer tipo de ajuda (mecânica ou outra), por isso convém os participantes terem algum conhecimento de mecânica. Quando se chega ao destino (se chegarem), o carro é leiloado, e o dinheiro revertido para instituições de caridade.

Nada como pegar numa Renault 4L, e fazer-se à estrada. Isso sim, é que é um Rally a sério. O Lisboa-Dakar? É giro para ver na televisão, mas é para fracos...

Mais fotos de aves (e não só)

Tenho estado a reorganizar as minhas fotos, e a seleccionar aquelas que acho que valem a pena estar no flickr. Ainda vou colocar mais algumas, mas para já coloquei estas:

Poupa (Upupa epops)Frisada (Anas strepera)Pombo-das-rochas (Columba livia)
Perna-longa (Himantopus himantopus)Pato-real (Anas platyrhynchos)Galinha-d'água (Gallinula chloropus)
Borboleta (Iphiclides feisthamelii)Lagartixa de Bocage (Podarcis bocagei)Rã Verde (Rana perezi)

29 dezembro 2005

O rascunho

Quando começamos algo novo, por mais que se planeie, o mais provável é que a coisa não corra nada bem. Vão sempre surgir coisas das quais não estávamos à espera. E sempre vamos chegar a um ponto em que faríamos a coisa diferente se começássemos de novo. E porque não começar de novo? Porquê insistir com algo que podia ser melhor? Afinal de contas, o erro é a melhor forma de aprender como fazer bem.

Mas para que se possa começar tudo de novo, é necessário que os relacionamentos sejam profundos. Porque se o que une as pessoas é apenas o projecto de que fazem parte, então se começarmos tudo de novo, cada um vai para o seu lado. Se calhar por isso é que temos tanto medo da mudança, porque os relacionamentos não existem.

Ano novo, vida nova... ah ah ah!

Estamos quase no fim do ano. Nesta altura as pessoas começam a fazer resoluções de ano novo. Ou seja, começam a imaginar que vão conseguir começar a fazer coisas que não faziam antes, como se o ano novo tivesse algo de mágico.

A minha resolução de ano novo é não fazer mais resoluções de ano novo.

28 dezembro 2005

Relacionamentos: O cimento da igreja

Assim como Cristo é o alicerce da Igreja, os relacionamentos entre os seus membros são o cimento da igreja. Se não houver relacionamentos, não somos mais que um amontoado de tijolos, sem propósito ou estabilidade.

Se os relacionamentos entre os membros enfraquecerem, a igreja enfraquece, e a sua eficácia também. O que torna uma igreja forte ou fraca não é o seu tamanho, mas sim a qualidade dos seus relacionamentos. Entre as pessoas, e entre as pessoas e Deus.

Cegonha-branca (Ciconia ciconia)

Algumas fotos das quais já não me lembrava:

Cegonha-branca (ciconia ciconia)Cegonha-branca (ciconia ciconia)Cegonha-branca (ciconia ciconia)

Estas foram tiradas no Zoo de Lagos, mas a Cegonha não fazia parte do Zoo. Fez um ninho ali perto, e aproveita as lagoas do Zoo para se alimentar. É bom saber que a Cegonha, que esteve ameaçada de extinção, tem vindo a recuperar bastante em Portugal nos últimos tempos.

O foco do cristianismo: Vida ou morte?

Acho que o cristianismo actual está demasiado focado no futuro. O grande foco do cristianismo actual, no que diz respeito ao ser humano, é o que lhe acontece quando morre? Irá para o céu ou para o inferno? E todo o processo evangelístico anda à volta disso: Converte-te ou vais para o inferno!

O foco do judaísmo, já antes da vinda de Cristo, não era o que acontece quando morremos, mas como a vida deve ser vivida. E o Novo Testamento, que retrata a igreja nos seus primórdios, foca-se também na vida, em como ela deve ser vivida. Fala-se no que acontece quando morremos, é verdade, mas principalmente em como devemos viver de uma forma que agrada a Deus. O esforço evangelístico foca-se em as pessoas se voltarem para Deus porque ele é Senhor, e não porque assim safam-se do Inferno. Havia uma grande preocupação em amar as pessoas hoje, ir ao encontro das necessidades das pessoas, porque o foco era o hoje, a vida.

Um cristianismo focado na morte é um cristianismo irrelevante, pois esquece as necessidades à sua volta. É um cristianismo que fica simplesmente à espera que tudo acabe.

27 dezembro 2005

O que se passa com as Felosinhas?

A felosinha é uma ave insectívora. É normal vê-las perto de ribeiros, lagos, sapais a comer insectos. Costumam ficar pousadas a observar, e quando um insecto passa a voar perto delas, levantam voo, apanham-no, e voltam ao poiso.

Estas felosinhas tinham um comportamento completamente diferente. Iam de flor em flor, por vezes pousando no caule da flor, outras vezes pairando como os colibris, e punham o bico bem lá dentro das flores, como se estivessem a alimentar-se do pólen. Nota-se bem a zona à volta do bico tingida da cor do pólen daquelas flores.

Não estive a escarafunchar as flores, mas ao que tudo indica estavam a alimentar-se de algum insecto que se escondia nas flores. Talvez pulgões, ou outros do género. Devia valer bem a pena, pois estavam de tal maneira concentradas na alimentação, que deixavam-me aproximar delas cerca de um metro. Teria conseguido muito mais fotos, se a minha máquina tivesse foco manual, ou um auto-focus mais rápido...

Felosinha (Phylloscopus collybita)Felosinha (Phylloscopus collybita)

Algarve Ornitológico

Esta semana foi muito preenchida em termos ornitológicos. Fiz saídas de campo a muitos sítios: Ponta da Piedade, Sagres, Leixão da Gaivota, Vilamoura, Quinta do Lago (duas vezes) e Quinta do Marim. Consegui adicionar mais três aves à minha lista (somo agora 158): O Mergulhão de Crista (Podiceps cristatus), o Frango d'água (Rallus aquaticus), e a Negrinha (Aythya fuligula).

Em termos de fotos fiquei contente e triste. Fiquei contente porque consegui muitas fotos boas. Mas fiquei triste porque desta vez notei bem as limitações da minha máquina fotográfica. Muitas vezes a máquina levava demasiado tempo a focar, e o pássaro já tinha fugido. Outras vezes focava no sítio errado, principalmente quando estava mais escuro. Enfim. Se o Pai Natal for bom para mim no próximo ano, dá-me uma destas.

Frisada (Anas strepera):
Casal de Frisadas (Anas strepera)

Pato-trombeteiro (Anas clypeata):
Pato-trombeteiro (Anas clypeata)

Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola):
Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola)

Rola-do-mar (Arenaria interpres):
Rola-do-mar (Arenaria interpres)

Poupa (Upupa epops):
Poupa (Upupa epops)Poupa (Upupa epops)

Pilrito-das-praias (Calidris alba):
Pilrito-das-praias (Calidris alba)

Perna-Verde (Tringa nebularia):
Perna-Verde (Tringa nebularia)Perna-Verde (Tringa nebularia)

Pardal (Passer domesticus):
Pardal (Passer domesticus)

Negrinha (Aythya fuligula):
Negrinha (Aythya fuligula)Negrinha (Aythya fuligula)

Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis):
Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis)Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis)

Melro (Turdus merula):
Melro (Turdus merula)

Galeirão (Fulica atra):
Galeirão (Fulica atra)

Gaivota-de-patas-amarelas (Larus cachinnans):
Gaivota-de-patas-amarelas (Larus cachinnans)

Felosinha (Phylloscopus collybita):
Felosinha (Phylloscopus collybita)Felosinha (Phylloscopus collybita)

Colhereiro (Platalea leucorodia):
Colhereiro (Platalea leucorodia)

Ar de superioridade

Ter razão, ou pelo menos achar que a temos, é um assunto complicado. É complicado porque não é fácil ter razão e mantermo-nos humildes. Mas por favor, façamos um esforço por isso. Até porque podemos nem ter razão.

Fiquei um pouco triste este fim de semana quando vi alguns cristãos evangélicos a gozar da missa do galo na presença de católicos. Fiquei triste porque o que estavam a mostrar não era amor, mas sim soberba. Uma coisa é discordarmos de algo e debatermos sobre isso, outra coisa completamente diferente é gozarmos da fé das outras pessoas, como se a pessoa fosse um ser inferior só por pensar de forma diferente. Assim não vamos lá.

Não fiz tudo, mas foi bom

Não fiz tudo o que queria fazer nesta semana, mas ainda assim foi muito bom. Não consegui ir a Castro Marim nem a Castro Verde, por razões meteorológicas, e não fui a uma reunião evangélica, nem tive oportunidade de conspirar. Mas de resto, deu para fazer tudo.

Dito isto, estou de volta, e continuo motivado.

16 dezembro 2005

Ausência prolongada

Amanhã vou para o Algarve, e só volto depois do Natal. Algumas coisas que espero fazer nesses dias:

- Estar com a família (já não vou ao Algarve desde Agosto)
- Ir a um culto numa igreja evangélica tradicional (já não o faço há muito tempo, é uma boa forma para relembrar os problemas do cristianismo actual)
- Ir a Sagres observar aves de rapina
- Ir a Vilamoura observar patos
- Ir à Quinta do Lago observar patos e limícolas
- Ir a Castro Marim observar limícolas
- Ir a Castro Verde observar estepárias e passeriformes
- Conseguir fazer essas saídas todas sem aborrecer a minha Paula :)
- Estar com alguns amigos de longa data
- Conspirar acerca do futuro da igreja com alguns amigos conspiradores
- Descansar

Vamos ver quanto disso consigo fazer.

14 dezembro 2005

Acesso directo a Deus

Jesus veio, entre outras coisas, para restaurar o relacionamento entre o homem e Deus. Graças a Jesus, hoje temos acesso directo a Deus, sem precisarmos de intermediários. Mas o homem parece ter problemas com esse conceito. Basta ver o que acontece nas várias igrejas cristãs.

Na igreja católica existem vários intermediários. O padre, os santos, e Maria. Confessam-se ao padre em vez de se confessarem directamente a Deus. Rezam aos santos e a Maria em vez de falarem directamente com Deus. Alguns chegam até a adorar Maria, quando deviam adorar somente a Deus.

Na igreja evangélica, muitos desses intermediários foram cortados. Confessam-se a Deus, e falam directamente com ele, pelo menos na maioria das vezes. No entanto continuam a ter um intermediário em muitos dos casos: O pastor. Muitos preferem pedir ao pastor que ore por eles, pois pensam que a oração do pastor tem mais poder que a oração deles. E acreditam que tem ainda mais poder se for feito no fim de um culto, na zona do altar da igreja-edifício. Como se Deus estivesse mais limitado a nos responder se a oração for feita fora desse contexto.

A culpa desta situação tem duas faces. Por um lado alguns líderes alimentam essa dependência. Por outro lado, algumas pessoas querem intermediários para não terem de se responsabilizar pelos próprios actos. E com isso perdem um dos maiores presentes que Deus nos deu, o acesso directo a ele.

A santidade do altar

Uma coisa que sempre me fez impressão é a reverência que as pessoas têm pela igreja-edifício, especialmente a zona do púlpito, a que alguns denominam "altar". Essa "reverência" não pode vir da igreja primitiva, pois eles reuniam-se em casas. Não pode vir do novo testamento, pois lá está escrito que nós é que somos o templo vivo de Deus, e não o edifício. Algures no tempo alguém se lembrou de começar a instituir essa tradição, que continua a ser seguida nos dias de hoje, sem que ninguém questione o porquê disso.

Acho esta tradição particularmente destrutiva, porque coloca o foco no edifício, em vez de colocar o foco nas pessoas, como deveria. Leva os cristãos a pensarem que só no edifício se manifesta a presença de Deus, ou pelo menos que só no edifício se pode experimentar a presença de Deus de uma forma mais intensa. Cria uma dependência no edifício para sentir a presença de Deus, para estar com Deus.

Não é o edifício que proporciona tudo isso, mas sim o facto de os cristãos estarem juntos, com o propósito de louvar e adorar a Deus, acreditando que Deus está no meio deles e que se manifestará. Podia ser feito em qualquer sítio: Num cinema, num estádio de futebol, na praia, onde quer que fosse, porque o que interessa é o povo de Deus estar junto para o adorar. O sítio onde o fazem é meramente circunstancial.

Patos reais que mergulham?

Pato-real (Anas platyrhynchos)Os patos podem dividir-se em dois tipos, os que mergulham e nadam debaixo de água, à procura de peixes e crustáceos; e os que ficam sempre à tona de água, e mergulham apenas a parte posterior do corpo para comer plantas (já devem ter visto patos de rabo para o ar, é o comportamento típico desse tipo de patos). Os patos reais, como este na foto, fazem parte do segundo grupo.

Por isso, hoje fiquei bastante espantado com esta notícia. Não é que alguns patos reais estão não só a mergulhar, como a comer ovas de salmão? Apesar de ser uma das aves mais conhecidas pelo ser humano, não deixa de nos impressionar...

Igrejas hierárquicas

Neste artigo o Jorge mostra um dos grandes problemas que pode surgir numa igreja com uma estrutura hierárquica: Dar mais importância às pessoas que estão no "topo".

Em Cristo, estamos todos ao mesmo nível, ninguém é superior a ninguém. A liderança é uma responsabilidade, não faz com que alguém passe a ter mais valor do que a outra pessoa.

13 dezembro 2005

Conhecer a cultura do outro

É impossível ter um relacionamento chegado com outra pessoa sem se falar das diferenças culturais que existem entre ambos. É preciso conhecer a sua cultura para realmente compreendê-lo. E infelizmente falar das diferenças culturais é um tabu, as pessoas evitam-no ao máximo, e sentem-se ofendidas quando se aborda esta questão. Era bom que isso mudasse, pois só com o diálogo as diferentes culturas podem aproximar-se.

12 dezembro 2005

Oração: Ritual ou vivência com Deus?

Oração é falar com Deus. A questão que se põe é: isso deve ser feito de uma forma ritualizada, ou no contexto de uma vivência com Deus? Analisando a minha vida no passado, e a igreja no geral, muitas pessoas, apesar de acreditarem terem um relacionamento com Deus, fazem-no de uma forma ritualizada. Separam um determinado tempo por dia ou por semana para falar com Deus, como se no resto do dia Deus não estivesse connosco, e falam com todas aquelas palavras teológicas que nunca usariam com outras pessoas.

Uma boa comparação foi dada por uma rapariga canadiana que está no nosso grupo. Ela tem um namorado, que ficou no Canadá. E de vez em quando telefona-lhe. No pouco tempo que tem para falar, tenta falar de todas as coisas importantes. Mas quando ela está no Canadá, ela fala com ele sempre que está com ele, e fala tanto das coisas importantes, como das coisas mais banais.

Muitas vezes falamos com Deus como se estivessemos a falar por telefone numa chamada de longa distância. Temos aquele tempo para falar com ele, e falamos só do mais importante. Mas Deus não está longe, Deus está no meio de nós. E devemos relacionar-nos com Ele como fazemos com a nossa família. Falando às vezes das coisas mais banais, constantemente, ao longo do dia. O nosso relacionamento com Ele deve ser constante, e não esporádico. Afinal de contas, Deus está no meio de nós, ou não está?

07 dezembro 2005

As coisas pequeninas nunca dão em nada

Discordo completamente desta frase. Discordo porque não acho que seja verdade, tudo o que é grande já foi pequeno. Mas discordo ainda mais porque a frase supõe que o nosso alvo deve ser ter algo grande, e que o que interessa é ser grande. A igreja não precisa de ser grande. Se for para ser grande que seja, mas que seja como um efeito secundário.

Qual deve ser então o nosso alvo? Aquele que Jesus nos deu: Fazer discípulos. Basta nos concentrarmos nesse alvo, porque se esse alvo for cumprido como deve de ser, tudo o resto surgirá naturalmente. E para que esse alvo seja correctamente cumprido, é essencial começar com o pequeno, e deixar que as pessoas cresçam no tempo certo. Deixar que as pessoas atinjam a maturidade de uma forma natural. Ter paciência. Investir nos relacionamentos com os outros. Até que um dia, o discípulo se torna num discipulador. E aos poucos surgirá uma comunidade forte, madura, motivada, missionária, reprodutora. E isso é o trabalho de toda uma vida.

Quero isso em grande

Hoje, nas igrejas portuguesas, estamos a ver as consequências de uma política de quantidade em detrimento da qualidade. As maiores igrejas portuguesas estão em declínio, perdendo assistência a cada semana que passa.

A qualidade pode ou não gerar quantidade, mas a quantidade nunca gera qualidade. Usámos grandes campanhas evangelísticas com grandes máquinas de marketing por detrás, que venderam um cristianismo fácil, em que bastava fazer uma oração a Jesus, e todos os problemas seriam resolvidos. Um cristianismo baseado no que podemos receber de Deus, e sem sacrifícios da nossa parte.

Depois, ficámos admirados por as pessoas não se negarem a elas próprias, não se tornarem verdadeiras discípulas de Jesus, e não estarem dispostas a morrer por ele. Ficámos admirados por as pessoas terem uma atitude egoísta, em que o que importava era saber o que ganhavam com o cristianismo, e não o que podiam fazer por Cristo ou pelo próximo. Ficámos espantados por essas pessoas não se interessarem em fazer parte da força activa da igreja, e por acharem suficiente ir assistir à missa/culto de Domingo. Ficámos estupefactos ao ver essas pessoas saltarem de igreja em igreja, indo para a igreja que tinha as reuniões com a música mais fixe, ou à que estava na moda. Por fim, culpámos as pessoas de serem assim, esquecendo-nos de que as pessoas são apena aquilo que as ensinámos a ser.

Agora, é preciso começar de novo...

PS- Inspirado aqui.

Viver com a casa às costas

Há pessoas que são feitas para estar sempre no mesmo sítio, seguir sempre a mesma rotina, fazer sempre as mesmas coisas. Há pessoas que vivem no mesmo sítio durante anos, têm o mesmo emprego toda uma vida, e que se sentem bem com isso. Mas a mim, dá-me comichão. Eu sou uma pessoa que se dá bem com a mudança, com novos desafios.

Acho que tenho de culpar a minha família por isso. Os meus pais vivem em duas casas, uma durante a semana e outra durante o fim de semana. E já fazem isso há anos. Todas as semanas andam com a casa às costas. E de certa forma eu também me habituei a isso. Quando vim estudar para Lisboa, todos os fins de semana ia ao Algarve. Desde essa altura, mudei de universiade uma vez, e de casa 6 vezes. Desde que comecei a trabalhar, há 5 anos atrás, já estive em 6 empresas. Em 13 anos de crente, já fiz parte de 4 igrejas.

É engraçado que ao longo de todo este tempo tenho pensado que preferia que a minha vida fosse mais estável, sem grandes mudanças. Mas hoje, ao fazer a retrospectiva no meu blog, apercebi-me que sou mesmo assim, e que gosto da mudança. Sempre me identifiquei com este versículo, pois sinto que reflecte exactamente aquilo que sinto ser a minha vida:

"O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito." (João 3:8)

Retrospectiva do meu blog

Hoje dei por mim a analisar o meu blog, ver a forma como evoluiu desde que o criei. Já passaram 8 meses, e muita coisa mudou entretanto na minha vida, e essas mudanças reflectiram-se no meu blog.

A mudança principal foi que passei de um estado de revolta em relação à situação actual do cristianismo, para um estado de procura de formas de mudança da situação. O resultado disso foi que os meus posts são cada vez menos críticos, e cada vez mais construtivos. Não sei se isso é bom ou mau, porque de certa forma precisamos de tudo isso. Mas o que é certo, é que como consequência disso tenho cada vez menos para escrever, porque é sempre mais fácil criticar do que construir.

Outra coisa que mudou foi o alvo deste blog. Deixou de ter apenas o objectivo de falar da igreja, para passar a falar de todas as coisas pelas quais me interesso, como a informática, o Japão, a Ornitologia e os livros. E isso levou-me a repensar o meu blog, e a decidir criar um novo blog, com categorias, que espero poder lançar no início de 2006.

Por fim, tenho-me apercebido que quando escrevo no blog, escrevo mais para mim próprio do que pensava no início. Tem sido uma boa forma de organizar as minhas ideias, de perceber o que é realmente importante, e de perceber que outras pessoas estão a pensar a igreja de forma diferente, e que não estou só.

Estou na espectativa de ver o que mais irá mudar...

06 dezembro 2005

Líderes precisa-se

O líder é um elemento fundamental de uma comunidade. Se as coisas não estão a funcionar bem numa comunidade, quase sempre se pode apontar o dedo à liderança (ou à falta dela). Se as coisas estão a funcionar bem, grande parte do mérito tem de ser dado ao líder, que tem a responsabilidade de dinamizar e orientar as pessoas.

Por essa razão, preocupa-me que os seminários tenham cada vez menos alunos, e que os líderes das igrejas sejam cada vez mais idosos. Qual a razão disto estar a acontecer? Porque será que a liderança não atrai os jovens? Será porque os líderes actuais não dão oportunidades aos mais jovens de se tornarem líderes? Ou será porque os jovens se sentem atraídos por outras coisas mais "interessantes"?

Não tenho uma resposta certa para este problema, mas pelas conversas que tenho tido com várias pessoas, e pelas vária igrejas que conheço, a preparação de pessoas para a liderança não é vista como uma prioridade. Não só os jovens não são incentivados a isso, como ninguém está disponível para investir neles o tempo necessário para se tornarem jovens capazes.

Precisamos de líderes, e líderes capazes. Precisamos que as lideranças actuais invistam nisso diligentemente, procurando pessoas motivadas e preparando-as. Só assim inverteremos esta tendência perigosa.

O agente secreto

O agente secreto é aquele que ninguém sabe o que ele faz, a não ser o seu superior. A existência de agentes secretos numa instituição, empresa ou comunidade deve-se a uma falta de comunicação por parte da liderança. A liderança atribui uma função a essa pessoa, mas não diz a ninguém que o fez. Impõe uma realidade aos outros sem os fazer participantes.

As consequências disso são alguma desorientação por parte dos membros, que são apanhados de surpresa, que se transforma em pouco tempo num sentimento de não pertencer, ou de não ser importante. Esse sentimento pode ser ainda de revolta se o "agente secreto" for colocado numa posição de liderança em relação aos outros membros.

05 dezembro 2005

Tejo Internacional Ornitológico

A viagem ao Tejo Internacional foi muito proveitosa. Consegui rever imensas aves que não via há algum tempo, como o Grifo (Gyps fulvus), o Picanço-real (Lanius meridionalis), Pica-pau-malhado (Dendrocopos major), a Pega (Pica pica), o Charneco (Cyanopica cyana), e o Tentilhão (Fringilla coelebs).

Vi 3 espécies que nunca tinha visto, a Cotovia-escura (Galerida theklae), o Tordo-ruivo (Turdus iliacus) e a Tordoveia (Turdus viscivorus). Aumentei assim a conta para 155 (porque entretanto reparei que não tinha a Pega na lista). Além disso, vi também Salamandras (Salamandra salamandra) e Veados (Cervus elaphus).

Em termos de fotos não foi tão proveitosa. Não havia muita luz, e como eu não tenho uma máquina fotográfica a sério, a maioria das fotos ficaram ou escuras ou tremidas. Mas ainda assim consegui tirar estas duas da Toutinegra-dos-valados (Sylvia melanocephala):

Toutinegra-dos-valados (Sylvia melanocephala)Toutinegra-dos-valados (Sylvia melanocephala)

Também consegui fotografar esta borboleta:

Borboleta (Lycaena Phlaeus)

Capela de São Pedro de Vir-à-Corça

Perto de Monsanto, havia uma capela com o nome peculiar de "Capela de São Pedro de Vir-à-Corça". Não faço a mínima ideia do que possa ter originado esse nome. Talvez seja onde se pede a São Pedro para se ter uma boa caçada de corças? Aceitam-se sugestões.

Japonês nível 2

Começam hoje as aulas de japonês nível 2. Depois de ter aprendido o Hiragana, algum vocabulário, e algumas conversações básicas (apresentação, quantidades, horas, moradas, telefones), vou passar para o Katakana. Neste nível vou aprender algumas conversações mais interessantes. Vou aprender como perguntar direções, como comprar coisas, e como contar coisas.

Estou desejando de chegar ao nível 3, onde vou começar a aprender kanji (caracteres chineses, em que cada caracter significa uma palavra/ideia). Parece que só tenho de aprender 2000 kanjis para perceber 99% do que é escrito :)

Novo Site do Movimento Vida Nova

Depois de algumas semanas de trabalho, hoje foi lançado o novo site do Movimento Vida Nova, agora já com os conteúdos finais.

Como tinha falado aqui, em paralelo com o site foram lançados 4 postais com o objectivo de alcançar pessoas interessadas em espiritualidade. Sei que conto com as vossas orações para que os propósitos de Deus sejam cumpridos em Massamá através de mais este projecto. Mais tarde direi quais os resultados desta acção de divulgação.

Fim de semana descansado

Este deve ter sido o fim de semana mais descansado que já tive na minha vida. Ficámos hospedados no Monte Barata, uma propriedade da Quercus no limite do Parque Natural do Tejo Internacional. É um sítio maravilhoso. Longe de tudo o que é civilização. O Monte Barata fica a cerca de 5 km (de terra batida, na maioria) de Monforte da Beira, que já é uma povoação bem remota, por isso imaginem o quão remoto é. Até tínhamos de atravessar um ribeiro com o carro para chegar lá. Música dos pássaros durante o dia, e silêncio total à noite, com um céu cravejado de mais estrelas do que alguma vez tinha visto.

Mas o fim de semana não foi só isso. Aproveitamos para ir à serra da estrela ver a neve, visitámos também Monsanto, Idanha a Velha e Vila Velha de Ródão. Gostei especialmente de Monsanto, é um aldeia espectacular. Outro ponto alto foi a ponte romana, do século II, que atravessa o rio Tejo a caminho de Alcántara (isso já em Espanha). A ponte é enorme, é mesmo impressionante. As coisas que eles já eram capazes de fazer.

Tudo isto fez-me pensar o quanto a vida pode ser simplificada. E parece que o nosso organismo dá-se melhor com um ambiente simples, sem stresses, do que com o ambiente acelerado em que vivemos nos dias de hoje. Já nem há tempo para contemplar a obra de Deus, quanto mais o próprio Deus...