13 setembro 2005

Como Jesus intervia na sociedade?

É crença comum nos dias de hoje que a igreja necessita de instituições para ser relevante para a sociedade. É interessante que a igreja pense nisso, visto que esse caminho nunca foi o adoptado por Jesus, nem pela igreja primitiva. Aliás, o momento em que a igreja passou a ter isso, com a conversão de Constantino, foi o momento em que começou a perder a sua força, a deixar de ser uma comunidade, a deturpar as palavras de Cristo com doutrinas que não lembram a ninguém.

Alguns dizem que essa é a forma dos dias de hoje. Que para sermos relevantes na sociedade de hoje, é necessário estarmos organizados em instituições. Eu concordo parcialmente. Eu não acredito que a igreja necessite de ser uma instituição. Não sinto que a igreja, como organismo, precise ser um instituição no sentido hierárquico do termo, embora dê jeito ter representatividade jurídica. Agora, para intervir socialmente, creio que devemos sem dúvida organizar instituições de solidariedade social. Mas isso será outro assunto.

A igreja deve acima de tudo intervir na sociedade através do testemunho pessoal de cada crente. De que serve fazer uma marcha para Cristo com milhares de cristãos, quando as igrejas estão em conflito entre si? De que serve fazer um grande dia do evangélico com mais outros milhares de cristãos quando o amor de Cristo não está a ser mostrado por esses mesmos cristãos? De que serve dizer que somos cristãos quando não mostramos no dia a dia o que somos?

"De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta.
Mais ainda: poderá alguém alegar sensatamente: «Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé. Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também o crêem os demónios, mas enchem-se de terror."
(Tiago 2:14-19)

4 comentários:

Nuno Barreto disse...

Sim, sem dúvida que a igreja é uma comunidade, e como tal esse testemunho pessoal é feito não só por cada um mas também por todos juntos. Fizeste bem em reforçar isso, pois não o mencionei no artigo.

Seja como for, aquilo que eu quero dizer com o artigo é que não é através de política, burocracias, ou eventos mediáticos que isso se faz. Muitas dessas coisas acabam por ser contra-produtivas quando as pessoas vêem que não corresponde às acções do dia a dia.

Anónimo disse...

Creio que na sociedade em que vivemos é necessário que as igrejas locais estejam minimamente organizadas. Esta também pode ser uma forma de testemunhar o “Deus da não confusão”. De facto a igreja não é comparável a uma instituição deste mundo, ela é um corpo cuja cabeça é Cristo.

Concordo plenamente contigo quando afirmas que “a igreja deve acima de tudo intervir na sociedade através do testemunho pessoal de cada crente”, mas eu acrescento, “e através do testemunho como comunidade” (Actos 2:42-47).

Jorge Oliveira disse...

Usando o teu argumento, de que serve o testemunho pessoal de um cristão quando eles estão sempre uns contra os outros?

Nuno Barreto disse...

Pela minha experiência pessoal, serve de muito.