21 setembro 2005

O tempo e o seu uso

Há várias coisas que gostamos de fazer, e procuramos ocupar o nosso tempo livre nelas. Andar de bicicleta, jogar futebol, passear, observar aves, fazer escalada, fazer mergulho, etc. Estamos a usar o nosso tempo em coisas que nos fazem sentir bem, que lidam com o stress do dia a dia. E apesar de isso serem coisas necessárias, alguns de nós têm um certo sentimento de culpa por estar a "desperdiçar" o seu tempo nestas coisas.

A sociedade capitalista criou este defeito, o defeito de pensarmos que temos de estar sempre a fazer algo de "importante", obra que se veja. Em vez de "desperdiçar" o tempo nessas coisas, sentimos que deveríamos usar o tempo a trabalhar em algo importante, a ajudar os desfavorecidos, a orar, a participar em 1001 ministérios na igreja. Criámos a mentalidade de que o tempo de lazer é tempo desperdiçado.

Se formos analisar as Escrituras, vemos que Deus criou um dia por semana para o descanso, criou várias festas nas quais os Judeus eram "obrigados" a descansar e celebrar. O tempo de lazer fez sempre parte dos propósitos de Deus. Mas nós estamos mais preocupados com as obras que fazemos, do que com a nossa atitude.

"Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»"
(Lucas 10:38-42)

3 comentários:

Paula disse...

Estou totalmente de acordo. É uma mentalidade instaurada no meio cristão! Daí que muitas vezes a imagem do cristão é a de alguém cansado, stressado, demasiado envolvido em 100 coisas, não tendo tempo, por vezes, para aquilo que é mais importante.
Sem dúvida que o lazer faz parte dos planos do Pai.

Anónimo disse...

Bom, há o outro lado da moeda. O "remir o tempo", por exemplo. E o capitalismo nem é assim tão mau. Que eu me recorde é exactamente o sistema económico/social que mais tempo livre deu às pessoas.
Mas obviamente concordo em parte contigo. O chamado "activismo" é muito prejudicial.

Pedro

Nuno Barreto disse...

Sim, concordo. O objectivo do post não era criticar o capitalismo, nesse caso iria criticar outras coisas que não o tempo livre das pessoas. E tem de haver um ponto de equilíbrio, o facto de devermos ter tempo de lazer não é uma licença para a preguiça.