09 junho 2005

Reinventar a pregação

A pregação precisa ser reinventada. Normalmente a coisa funciona assim: Alguém expõe um discurso a um grupo de pessoas, elas ouvem (ou não), e depois da pregação são capazes de comentar o que foi falado com uma ou duas pessoas, ou podem no fim ir ter com o pregador e comentar uma coisa ou outra. Não admira que as pessoas retenham muito pouco daquilo que foi falado. É necessário criar mais interacção.

Seria muito mais interessante se qualquer pessoa pudesse interagir com o pregador, colocando questões pertinentes ao assunto, e que se gerasse um debate à volta do que está a ser falado. Debate esse que seria produtivo para todos, inclusivé para o pregador, a não ser que o pregador pretenda protagonismo. É verdade que é difícil que a coisa funcione assim com grupos grandes, mas também ninguém disse que o ensino deveria ser feito em grupos grandes. Se a coisa funcionar assim, então o ensino estará realmente a ir de encontro às necessidades das pessoas. E como todos participam, como todos fazem parte do processo, o resultado final será algo que faz sentido para todos. Por fim, descobrir como praticar aquilo que está a ser discutido, torna-se muito mais fácil, muito mais real.

É caso para pensar porque é que continuamos a insistir num modelo que não traz benefício a ninguém, que só contribui para o individualismo e para que as pessoas se tornem amorfas.

6 comentários:

Jorge Oliveira disse...

Parabéns pelo Blog e pelas excelentes fotografias.
Penso que novos modelos de pregação funcionam quando produzem frutos de Vida e não propriamente diálogo.
Mas concordo que há pregações e pregadores que são uma seca!
Seca mesmo!

Nuno Barreto disse...

Sem dúvida, é preciso mais do que o diálogo. Se ficarmos apenas no diálogo, ficamos aquém daquilo que Deus tem para nós. O diálogo é apenas uma forma de ajudar a teologia a se tornar vida.

Anónimo disse...

Sabias que esta ideia de monólogo (pregação) foi inventado pelos gregos!! (Curiosidade)

Mas para mim a questão mais pertinente é: O que está o pregador a tentar produzir com uma pregação (monólogo)? Qual o alvo dele?
Se a resposta for tentar produzir mudança de comportamento, ou tentar que as pessoas aprofundem o seu compromisso com Cristo, então, será legítimo perguntar se a metodologia de comunicação, como a pregação (monólogo), é apropriada para produzir tal tipo de mudança comportamental?!
Seria bom aproufundar as características do monólogo e tentar descobrir se realmente se adequa ao tipo de objectivos propostos por quem utiliza este tipo de metodologia.
O mais triste é tentar serrar um tronco de madeira com um secador de cabelo. Fiz-me entender???

entre-aspas disse...

Uma coisa é pregação estilo sermão, outra coisa é pregação tipo estudo, outra coisa ainda bem distinta é debate.
Embora existindo, ou até coexistindo, o que marcará a diferença quanto à eficácia não é o estilo mas sim a maior ou menor permeabilidade do ouvinte/receptor/emissor a deixar-se tocar pela "mensagem".

Nuno Barreto disse...

Penso que só podemos ter essa atitude se pretendermos alcançar com a nossa mensagem aqueles que a querem de antemão ouvir. Que provavelmente são aqueles que não estão a precisar de mudança na sua vida.

Por outro lado tenho tendência em discordar quando se culpabiliza o ouvinte pela não recepção da mensagem. Creio que o emissor é que tem a obrigação de a transmitir da forma que o receptor a receberá melhor. E se criar espaço para debate (seja numa pregação ou não) ajuda a que o ouvinte se torne mais permeável à mensagem, ainda melhor. Mas melhor do que se tornar permeável, é o ouvinte tornar-se participante da mensagem. E isso, por melhor que seja a pregação, é impossível acontecer sem que haja debate.

Anónimo disse...

Eu acredito que o estilo e a forma fazem toda a diferença.
A forma como eu conto uma história, ou o estilo que eu utilizo ao contar essa história irá sem dúvida chamar a atenção, ou não, do meu ouvinte. O estilo e a forma são tão importantes como o conteúdo. A arte com que eu conto uma história fará dela um conto de sucesso ou não.
Para mim quando eu não consigo atingir um objectivo, e se chegar à conclusão que o problema está nos meus receptores, então, eu não vou precisar de mudar, o problema não é meu.
Agora, se eu reavaliar os meus passos e verificar o que posso mudar, poderei realizar alguns ajustes para conseguir alcançar o meu receptor com sucesso. De outra forma, eu continuaria a fracassar.
Se eu tentar cortar um tronco de madeira com um secador e não conseguir, não poderei dizer que é o tronco que não quer ser cortado. Seria um total absurdo.