04 agosto 2005

O que define a Unidade?

Fala-se muito da unidade na igreja, e sem dúvida que é algo essencial. A unidade é importante. Jesus orou para que fossemos um. Mas o que será que isso significa? Será que todos os cristãos devem pertencer à mesma igreja-instituição? Ou que todos devem pensar da mesma forma? Será isso um requisito da unidade? Porque se assim é, então teremos que afirmar que a igreja não está unida. Basta ver a quantidade de igrejas cristãs diferentes que existem.

Eu acredito que não é isso que define a unidade. Se nós analisarmos a oração de Jesus, ele usa a unidade como sinónimo de estarmos em Cristo. Portanto, se duas pessoas estão em Cristo, então há unidade entre elas. Ainda que estejam a congregar em diferentes edifícios, ainda que tenham uma opinião diferente em determinadas doutrinas, ainda assim existe unidade.

Por outro lado creio que podemos falar de "vários níveis" de unidade. Porque se só existir unidade perfeita, então nunca chegaremos a essa unidade. E a unidade é mais ou menos intensa conforme o amor que temos pelos nossos irmãos (1 João 2:9,10). E eu creio que essa unidade nós devemos buscar com todas as nossas forças, "para que (...) o mundo creia que Tu me enviaste [a Jesus]."

Como se busca essa unidade? Amando, apesar das diferenças. E não há amor sem diálogo. E não há diálogo sem debate e discordâncias. Pois diálogo em que isso acontece, é um diálogo vazio de intimidade e sinceridade, e sem isso não há verdadeiro relacionamento ou amor. Penso que aqueles que procuram a unidade não falando daquilo em que divergem, estão à procura de uma unidade falsa, fácil, de aparências. A verdadeira unidade, creio eu, é ser capaz de discutir com uma pessoa acerca de um assunto, e no fim continuarem a amar-se, a relacionar-se. Não é fácil, mas é como deve ser.

3 comentários:

Anónimo disse...

Passei por cá para agradecer a tua visita à ieba (sei que foi difícil para ti por “não gostares de igrejas tradicionais”. Deixa lá, foi bom na mesma e além disso a ieba não é das “piores”... hehehe)

Concordo totalmente com este post. Quanto aos posts anteriores que estão relacionados com este e de certa forma com o que foi publicado no blog da ieba ("Desta forma não vamos lá"), concordo com algumas coisas mas não gosto muito da forma como tu criticas. Acho que és um pouco “violento” com as palavras e por vezes parece que o teu alvo são as pessoas, neste caso os líderes (acredito que não seja essa a tua intenção).

Usando as tuas próprias palavras do comentário deixado no blog da ieba, “a forma como a crítica é feita é importante e também o alvo da mesma... deve ser tudo feito para edificação”.

Desculpa-me se te interpretei mal e vai aparecendo na ieba que gostamos de conversar e ouvir críticas que nos ajudem a crescer.

Nuno Barreto disse...

Não me é difícil ir ao blog da IEBA. Até vou com alguma regularidade. E já li bons artigos lá.

Admito que estes posts que escrevi tiveram alguma inspiração no artigo "Desta forma não vamos lá", mas não como resposta ou crítica a ele. Da mesma forma que por vezes algumas outras coisas me fazem pensar em algo, e depois de pensar sobre esse algo, acabo por escrever um artigo relacionado. Até porque concordei em boa parte com o artigo, tanto que o disse no comentário que fiz ao artigo.

Quanto à crítica que me é feita, de ser demasiado agressivo, acho que é válida, e desde já pedia às várias pessoas que vêm ao meu blog para dizer de sua justiça. Terei em consideração isso na forma como escrevo os próximos artigos.

Quanto à IEBA especificamente, não conheço a igreja. Não sei se é tradicional ou não, não sei se é comunidade ou não. Mas pelo que tenho visto no blog, dá-me impressão de ser uma comunidade, o que só por si é a base para a minha definição de igreja simples. E pelo que tenho ouvido falar, o vosso trabalho é muito válido.

É verdade que eu critico muita coisa, e não concordo com muita coisa, e este blog é um espaço para questionar todas as coisas, de forma a que possamos perceber melhor o que é a igreja. Por outro lado sei que a igreja "tradicional" (isso existe?) vai ao encontro da necessidade de várias pessoas. Há vários tipos e modelos de igreja, e nenhum deles é o ideal por si só. Mas cada um deles é o ideal para um determinado conjunto de pessoas. E é isso que devemos encontrar, o modelo ideal para a comunidade em que estamos inseridos.

Anónimo disse...

Nuno, não mudes.
As verdades são por si só duras e violentas de serem ouvidas.
Penso que Lutero não fez as reformas que fez passando mãozinhas pela cabeça. Se é que me faço entender.
E nós (eu incluida), precisamos de uma enorme reforma.